sexta-feira, agosto 16, 2013

Por dentro da Conta de energia elétrica : uma análise linguística e textual

JUSTIFICATIVA

Este projeto visa o cumprimento da carga horária exigida pelo Curso de Letras do Programa de formação de professores PARFOR e oportunizar a associação da teoria à prática. O gênero textual conta de energia elétrica será aplicado no Centro Educacional Senador Jutahy Borges Magalhães, no município de Boa Vista do Tupim, com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II, oriundos em sua maioria da sede do município.
A escolha deste gênero textual foi feita a partir de uma discussão em sala de aula com o professor-pesquisador responsável pela orientação das oficinas, quando o grupo concluiu que é de grande importância o trabalho com este gênero, uma vez que, este faz parte do cotidiano dos alunos, mas não é de praxe a escola trabalhá-lo.
Levamos em consideração também que este gênero é próprio da leitura e pode oferecer aos educandos subsídios para uma excelente produção de texto oral, além de incentivar prática de redução do consumo e do valor da conta de energia elétrica, e a reflexão para a importância de auto-sustentabilidade do planeta.
A conta de luz reflete o modo como a energia elétrica é utilizada e sua análise por um período de tempo adequado, permite estabelecer relações importantes entre hábitos e consumo.
Além de revelar relações entre hábitos e consumo de energia elétrica, úteis ao se estabelecer rotinas de combate ao desperdício, a análise da conta de luz é a base para a avaliação econômica dos projetos de eficiência eletro-energética.
É importante que haja uma  compreensão da forma como é cobrada a energia elétrica e como são calculados os valores apresentados nas contas de luz porque é fundamental para a tomada de decisão em relação a projetos de eficiência energética.
Embora uma análise completa exija certa experiência e conhecimento técnico, com um exemplo servindo de guia e algum treino, qualquer pessoa pode identificar as oportunidades de redução de despesas com a energia elétrica.
Por ser um gênero em que muitas pessoas não estão atentos e passa despercebido, é importante ter um conhecimento mais amplo, através dele podemos exigir e reivindicar nossos direitos enquanto cidadãos e consumidores, a exemplo disso temos o órgão responsável ANEEL, que através de artigos nos informa todos os direitos e deveres que temos. Por exemplo, o artigo 83 nos informa  o que obrigatoriamente a fatura de energia elétrica deve conter: a) nome do consumidor;  b)  número de inscrição no CNPJ ou CPF quando houver; c) código de identificação; d) classificação da unidade consumidora;  e) endereço da unidade consumidora; f) número dos medidores de energia elétrica ativa e reativa e respectiva constante de multiplicação da medição; g) data das leituras anterior e atual dos medidores, bem como da próxima leitura prevista; h) data de apresentação e de vencimento; i) componentes relativas aos produtos e serviços prestados, discriminando as tarifas aplicadas; j) parcela referente a impostos incidentes sobre o faturamento realizado; k) valor total a pagar; l) aviso de que informações sobre as condições gerais de fornecimento, tarifas, produtos, serviços prestados e impostos se encontram à disposição dos consumidores, para consulta, nas agências da concessionária; m) indicadores referentes à qualidades do fornecimento, de acordo com a norma específica; n) número de telefone da Central de Teleatendimento e/ou outros meios de acesso à concessionária para solicitações e/ou reclamações; o) número de telefone da Central de Teleatendimento da Agência Reguladora Estadual conveniada com a  ANEEL, quando houver; e p) número 080061 2010 da Central de Teleatendimento da ANEEL. E  quando  pertencente: a) multa por atraso de pagamento e outros acréscimos moratórios individualmente discriminados; b) parcela referente ao pagamento (créditos) de juros do empréstimo compulsório/ ELETROBRÁS; c) Indicação do respectivo desconto sobre o valor da tarifa, em moeda corrente; d) Indicação de fatura vencida, apontando no mínimo o mês/referência e valor em reais; e) Indicação de faturamento realizado com base na média aritmética nos termos dos Arts. 57, 70 e 71 e o motivo da não realização da leitura; f) Percentual do reajuste tarifário, o número da Resolução que o autorizou e a data de início de sua vigência nas faturas em que o reajuste incidir.
A condução de um aprendizado com pretensões formativas, mais do que do conhecimento científico e pedagógico acumulado nas didáticas específicas de cada disciplina da área, depende do conjunto de práticas bem como de novas diretrizes estabelecidas no âmbito escolar, ou seja, de uma compreensão amplamente partilhada do sentido do processo educativo
Um dos pontos de partida para esse processo é tratar, como conteúdo do aprendizado elementos do domínio vivencial dos educandos, da escola e de sua comunidade imediata. Isso não deve delimitar o alcance do conhecimento tratado, mas sim dar significado ao aprendizado, desde seu início, garantindo um diálogo efetivo. A partir disso, é necessário e possível transcender a prática imediata e desenvolver conhecimentos de alcance mais universal. Muitas vezes, a vivência, tomada como ponto de partida, já se abre para questões gerais, por exemplo, quando através dos meios de comunicação os alunos são sensibilizados para problemáticas ambientais globais ou questões econômicas continentais. Nesse caso, o que se denomina vivencial tem mais a ver com a familiaridade dos alunos com os fatos do que com esses fatos serem parte de sua vizinhança física e social.
Portanto, sabemos que a  sobrevivência do ser humano, individual e grupal, nos dias de hoje, cada vez mais solicita os conhecimentos que permitam a utilização competente e responsável de determinados materiais  reconhecendo as implicações sociopolíticas, econômicas e ambientais do seu uso.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ao entendermos que a escola deve atuar na formação de alunos capazes de exercer a cidadania, compreendendo criticamente as realidades sociais, é fundamental que os educadores de todas as áreas do conhecimento trabalhem a especificidade das práticas sociais e o reconhecimento do gênero textual a ser utilizado em determinada situação sociocomunicativa, ou seja, os gêneros e os textos devem constituir ponto basilar das atividades propostas pelos professores.
Ao insistirmos no trabalho com o gênero acreditamos propiciar aos educadores  de matemática, química, geografia etc.  outras perspectivas em relação aos gêneros e textos que fazem e farão parte do seu dia-a-dia, quanto à leitura, discussão, reflexão, criação, análise e inter-relação com outros gêneros e textos. Morin (1998, p.30) afirma que “hoje, há que se insistir fortemente na utilidade de um conhecimento que possa servir à reflexão, meditação, discussão por todos, cada um no seu saber, na sua experiência, na sua vida”.
Promover uma aula baseada no conceito de gênero textual permite o desenvolvimento da identidade cidadã de nossos alunos, mas exige alguns importantes deslocamentos na tradição curricular: a língua portuguesa deixa de ser limitada por uma visão gramatical teórica e passa a ser considerada uma atividade humana, um meio, por excelência, de existir no mundo. Isso nos desafia a levar essa língua para a sala de aula o mais próximo possível de como ela é surpreendida em seu uso cotidiano.
Todas as atividades humanas estão relacionadas com a utilização de linguagens e estas não são apenas feitas de palavras, mas de cores, formas, gestos etc. Para se tornarem “linguagem”, tais elementos precisam obedecer a certas regras que lhes permitam entrar no jogo da comunicação. Uma delas é que toda manifestação da linguagem se dá por meio de textos, os quais surgem de acordo com as diferentes atividades humanas e podem ser agrupados em gêneros textuais.
Imagine a confusão se uma simples conta de luz viesse, a cada mês, escrita de modo diferente, sem seguir um padrão. Quando recebemos uma conta de luz, reconhecemos o modelo, sabemos para que serve, localizamos as informações mais importantes, deixamos de lado o que não nos interessa, ou seja, organizamos a nossa vida. Isso porque conta de luz é um gênero textual. Conta de luz, telenovela, fofoca,             são alguns exemplos de gêneros que, pelo seu constante uso social, não oferecem muitas dificuldades de compreensão. Assim, é importante pensar em para quem se escreve, por que se faz, qual a real necessidade de fazê-lo, o que o leitor efetivamente conhece sobre o tema, o que pensa dele, como fazer-se compreender, como usar a língua na produção desse texto, como o texto solicita uma ou outra estratégia de leitura. Tais questões, na escola, tornam necessário construir um currículo que valorize tanto a função social do texto como a sua forma. Na prática, isso significa considerar a cultura na qual o gênero se constitui como ação social. Em outras palavras, devemos considerar até que ponto a comunidade que faz uso desse gênero efetivamente se apropriou dele e como o fez.
Os gêneros são produtos da cultura de determinada sociedade. Constituídos por certos conteúdos, além de estilo e forma próprios, apresentam funções sociais específicas. Tornam-se, desse modo, modelos comunicativos que permitem a interação social. O trabalho com gêneros textuais na escola pressupõe um modo próprio de se relacionar com a linguagem e com o currículo da língua portuguesa. Significa cultivar uma atitude educacional alicerçada por sólido conhecimento da linguagem, vista como prática cotidiana.
Segundo Soares, se as normas e regras que compõem o caráter escolar dificultam o ensino da leitura e da escrita enquanto práticas sociais, e se este não for o único meio de difundir essas práticas, mas, se é o mais aceitável, devemos então, nos preocupar com a qualidade com que se ensina a leitura e a escrita dentro da escola. Sobre essa importância da construção do currículo associado à função social da leitura dos gêneros textuais Soares (2003) diz:
Práticas de letramento a se ensinar são aquelas que, entre as numerosas que ocorrem nos eventos sociais de letramento, a escola seleciona para torná-los objetos de ensino, incorporada aos currículos, aos programas, aos projetos pedagógicos, concretizadas em manuais didáticos, práticas de letramento ensinadas são aquelas que ocorrem na instância real da sala de aula, pela tradução dos dispositivos curriculares e programáticos e das propostas dos manuais didáticos em ações docentes, desenvolvidas em eventos de letramento que, por mais que tentem reproduzir os eventos sociais reais, são sempre artificiais e didaticamente padronizados, práticas de letramento adquiridas são aquelas, de que, entre as ensinadas, os alunos efetivamente se apropriam e levam consigo para a vida fora da escola. (ibid.p.108).

Ao entendermos que a escola deve atuar na formação de alunos capazes de exercer a cidadania, compreendendo criticamente as realidades sociais, é fundamental que os educadores trabalhem a especificidade das práticas sociais e o reconhecimento do gênero textual a ser utilizado em determinada situação sociocomunicativa, ou seja, os gêneros e os textos devem constituir ponto basilar das atividades propostas pelos professores.


Objetivos

Geral 
Ø     Apropriar-se de informações relevantes para a leitura e compreensão do gênero textual conta de energia elétrica, bem como sua função social.

Específicos
  • Mostrar como funciona a leitura do consumo na conta de energia elétrica;
  • Identificar a conta de energia elétrica enquanto gênero textual de leitura;
  • Observar na conta de energia elétrica o consumo mensal de energia, através do gráfico;
  • Retirar as informações pertinentes do vídeo;
  • Atentar para as informações que ajudam a diminuir o gasto de energia elétrica; 
  • Relacionar a leitura do gênero com a necessidade de economia para o incentivo à sustentabilidade;
  • Entender o impacto das tecnologias associadas às Ciências Naturais, na sua vida pessoal, nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social.
  • Listar atitudes simples em relação ao uso de energia que podem resultar, em uma redução drástica do valor da conta de luz;
  • Conhecer as fontes de energias, suas vantagens  e desvantagens;
  • Resolver situações-problemas a partir de um contexto;
  • Identificar elementos presentes em uma conta de luz;
  • Analisar gráficos para interpretá-los posteriormente;
  • Conhecer o órgão responsável pela regulamentação da energia elétrica – ANEEL  através de leituras.

CONTEÚDOS

  • Leituras  em conta de luz;
  • Resolução de situação-problema;
  • Análise de gráficos e tabela;
  • Interpretação de textos;
  • Meio ambiente
  • Fontes de energia

METODOLOGIA

1º MOMENTO
Apresentação em data show de uma conta de luz para fazer a identificação do gênero e o conhecimento prévio dos alunos fazendo alguns questionamentos:
·        O que a imagem sugere?
·        Podemos considerar a conta de luz um gênero textual? Por quê?
·        O que vocês sabem sobre este gênero?
·         Qual a função social desse gênero?
·        Onde é veiculado este gênero?

2º MOMENTO
a.   Mostra de vídeo "De onde vem a energia elétrica?";
b.   Apreciação de artefatos utilizados como geradores de energia;
c.    Reflexão sobre o vídeo e os artefatos.
·          Vocês conheciam o processo da energia elétrica até chegar a nossa casa?
·          Vocês conheciam estes artefatos?
·          Informar aos alunos que a  geração, a transmissão e a distribuição de energia é um processo de fundamental importância para a sociedade e desenvolvimento econômico. Que se faz necessária em nossas casas, ruas, meios de transporte, atividade econômica, etc. No entanto, as fontes energéticas mais utilizadas são as não renováveis e suas reservas estão se esgotando. 
·          Distribuir um boletim informático com  os principais tipo de energia renováveis e não renováveis,  qual a sua vantagem e desvantagem e como se obtém.

3º MOMENTO
a.   Leitura em pequenos grupos de diversas contas de energia elétrica;
b.   Apreciação dos elementos estruturadores (cores, formas, formato gráficos, colunas) e linguísticos (expressão com termos específicos, etç.)
·      Vocês costumavam ler e observar estes elementos na conta de energia elétrica?
·      É importante fazer a leitura de todos esses elementos contidos na conta de energia elétrica?
·      Por que será que foi reduzido o tamanho da fatura?
·      Qual a finalidade da utilização de cores diversificadas na fatura? E o que você acha disso?
·    Além do valor, que outra informação você considera importante na fatura?

·  Quem consumiu mais e menos energia elétrica?

·   Que mês o consumo foi maior e menor?

·  O que a conta de luz que você recebe em sua casa tem a ver com o meio ambiente?

4º MOMENTO
·        Em um cartaz mostrar uma tabela para os alunos, alguns eletrodomésticos e a potência respectiva de cada um deles;
·         Questionar qual dos eletrodomésticos indicados, gera maior gasto durante um mês em Kw/h;
·         Simular uma situação problema com um eletrodoméstico tendo por base um valor de custo de R$ 0,30 centavos por hora para saber quanto ele gastaria em um mês usando a seguinte fórmula : P. D. H = P potência, D números de dias de uso e H = horas
Eletrodoméstico

  Potência
TV 29”
110 W
Radio pequeno
10 W
Geladeira
90 W
Ferro
1000 W
Chuveiro
3800 W
Lâmpada
100 W 
Ar-condicionado 7.500 BTUS
1.000W
Computador / impressora
180 W
Geladeira 02 portas
 120 W
Lâmpada incandescente
 60 W
Lâmpada fluorescente compacta
15 W
TV 14 e 20 polegadas
60 W
Ventilador
65 W





5º MOMENTO
Para a produção textual os alunos deverão utilizar uma programação de rádio, teatro ou outra modalidade para a divulgação de informações relevantes da conta de energia elétrica.

6º MOMENTO
Apresentação na área externa, para a comunidade escolar, dos textos orais produzidos pelas equipes.

RECURSOS

  • Vídeo;
  • Objetos alternativos geradores de energia (velas, candeeiros, lamparinas, lanternas, aladim)
  • Data show
  • Cartazes
  • Recibo da conta de energia elétrica
  • Pilotos,
  • Papel metro,
  • Cola,
  • Tesoura,
  •  Lápis,
  • Cartolina

Avaliação

A avaliação desta aula será feita considerando a participação e o envolvimento dos grupos de alunos/as nas atividades.




REFERÊNCIAS

AOSANI, M., BOELTER, A. E., SCARTON, C. R. Modelagem Matemática em Energia Elétrica. Disponível em http://www.projetos.unijui.edu.br/matematica/modelagem/modelagem_energia/index.html, acesso em 26 mai. 2010

BRASIL. Ministério da Educação.  Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa, 1998.

LANDEIRA, José Luís. Na Ponta do Lápis. Ano V, nº 11, agosto, 2009.  Ed. AGWM. São Paulo.

MORIN, E. Ciência com Consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.


PROCEL- PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELETRICA.  Manual de tarifação da energia elétrica. 1ª ed. Maio, 2001










Literatura infanto-juvenil

A literatura infantil é um caminho que leva a criança a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa.  Ao se trabalhar com a literatura infantil apresentamos conceitos de linguagem e leitura, enfocamos a importância de ouvir histórias e do contato da criança desde cedo com o livro e finalmente esboça algumas estratégias para desenvolver o hábito de ler.
Os contos de fadas nas escolas é uma atividade prazerosa para todos os envolvidos no processo educativo, pois é um tema de grande aceitação entre as crianças, que desperta interesse, envolvimento e participação dos mesmos. 
Eles garantem à criança que as dificuldades podem ser vencidas, as crianças sentem que também pode ser capaz de vencer os seus medos, e  entende muito bem que as histórias maravilhosas são irreais – mas não as aceita como falsas, na medida em que descrevem, de um modo imaginário e simbólico, os passos do seu crescimento.
As crianças podem se identificar com os personagens e transferirem todos os seus conflitos para aqueles vividos na história. A criança se envolve tanto que passa a viver como se fosse um dos personagens e assim os contos de fadas contribui para a formação da personalidade das crianças ao abordar temas como, por exemplo, o amor que sempre vence na luta contra o mal, vai surgindo através do respeito ao próximo, das atitudes menos egoístas e de carinho, a criança vai percebendo que a amizade é uma importante conquista para seu dia-a-dia.
Os contos de fadas ensinam também as crianças a enfrentarem sentimentos de perda e angústia. Através deles as crianças percebem que tudo de ruim que pode acontecer na vida de uma pessoa pode passar, pois sempre há uma fada para ajudar a resolver os problemas, como as mães, avós, tias ou mesmo as professoras ou mesmo outra pessoa que a queira bem.
Sabemos que esses sentimentos fazem parte da vida de qualquer ser humano e é bom que as crianças aprendam a lidar com eles o quanto antes porque enquanto divertem as crianças, os contos trabalham o lado emocional das mesmas, favorecendo o desenvolvimento de suas personalidades, pois tratam vários problemas de forma prazerosa e aceitável. Cultivam a esperança, o sonhar e nos mostram que sempre há esperança para os finais felizes.

Neste sentido, quanto mais cedo a criança tiver contato com os livros e perceber o prazer que a leitura produz, maior será a probabilidade dela tornar-se um adulto leitor. Da mesma forma através da leitura a criança adquire uma postura crítico-reflexiva, extremamente relevante à sua formação cognitiva.
Garantir a riqueza da vivência narrativa desde os primeiros anos de vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu pensamento lógico e também de sua imaginação, que segundo Vigotsky (1992, p.128) caminham juntos: “a imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista.”
Sabemos que a criança que houve histórias desde cedo, que tem contato direto com livros e que seja estimulada, terá um desenvolvimento favorável ao seu vocabulário, bem como a prontidão para a leitura por isso a importância das leituras iniciais, principalmente os contos de fadas.

Um olhar sobre o uso da língua no livro Dona Flor e seus dois maridos

Um olhar sobre o uso da língua no livro Dona Flor e seus dois maridos


A língua é um elemento importante na caracterização de um povo, Nadin da Silva (2008, p.78), pontua alguns princípios mais importantes dessa língua , tais como, concebe a língua como um sistema que inclui a gramática, a semântica e a pragmática e outro aspecto considera os textos ou discursos especializados como base de comunicação especializada, portanto, esses discursos fazem parte da língua natural.
Muitos dizem que a língua Portuguesa é o uniforme. Alguns  autores como Ilari e Basso ( 2006) argumentam que essa afirmação é um mito, pois esconde em si um nacionalismo exacerbado, uma visão limitada do uso da língua e uma negação da variação, como se os falantes não se adaptassem aos contextos de produção de textos orais e escritos. Seguindo esse pensamento, Marcos Bagno ( 2007, p.40) acrescenta que, para a sociolinguística, a variação é “ estruturada, organizada, condicionada por vários fatores.
Para participar de modo ativo na sociedade, a primeira condição para o individuo é o domínio da língua, pois é ela quem faz a mediação entre o sujeito e a sociedade. Seja em sua forma oral ou escrita, por meio dela fazemos contato com o mundo e nos inserimos em sua dinâmica. Preti afirma que
nas grandes civilizações, a língua é o suporte de uma dinâmica  social que compreende não só as relações diárias entre os membros de uma comunidade como também uma atividade intelectual que vai desde o fluxo informativo dos meios de comunicação de massa até a vida cultural ou literária (PRETI, 2000, p.12).

Se a linguagem é influenciada pelos fatores socioculturais, qual o padrão linguístico usado por Jorge Amado para retratar o povo na obra Dona Flor e seus dois maridos?
É difícil falar o léxico de uma língua sem enveredar pela historia do seu povo. Por isso, antes de iniciar os aspectos dessa língua, faz-se necessária uma breve abordagem sobre o que é  língua e como ela é representada em nosso país.
Para Saussure ( 1989),  Língua  é um sistema de signos – um conjunto de unidades que se relacionam organizadamente dentro de um todo. É a parte social da linguagem, exterior ao individuo; não pode ser modificada pelo falante obedece às leis do contrato social estabelecido pelos membros da comunidade.

Assim como Saussure que separa língua de fala, ou o que é linguístico do que não é – Chomsky distingue competência de desempenho. Sendo a porção do conhecimento do sistema linguístico do falante que lhe permite produzir o conjunto de sentenças de sua língua. Conjunto de regras que o falante construiu em sua mente pela aplicação de sua capacidade inata para a aquisição da linguagem.

O acervo lexical de uma língua é dinâmico, porque suas unidades nascem, tem uma vida em que se transformam enquanto perduram e pode até morrer. Grande parte desse léxico é recebida por herança da língua que, historicamente, fornecem a base lexical ( como ocorreu com o latim vulgar em relação às línguas de origem  latina). Outra parte vem do aporte de línguas estrangeiras, no caso do português do Brasil, em diferentes fases, de línguas  africanas, do italiano, do espanhol e do francês.
As variações que ocorrem na língua através do tempo podem ser externas e internas, a externa pode ser descrita como a que ocorre em razão das funções sociais da língua e em sua relação com a comunidade linguística, a interna se relaciona ao léxico e à gramática; mudanças que ocorrem na fonologia, na morfologia e na sintaxe ( ILARI: BASSO, 2006).
Ilari e Basso( 2006) afirmam que podemos fazer comparação diacrônica da língua no intervalo de gerações para geração. É o caso das gírias e expressões, que podem fazer sentido para determinados indivíduos de uma geração e ser bastante conhecido por de outra, é importante perceber que na língua que falamos hoje convivem palavras e construções que remontam a épocas diferentes, notável isso  em trechos do livro quando  Jorge Amado utiliza a  linguagem informal principalmente a regional da Bahia que  é representada através  de palavras soltas, de expressões como frases feitas, jargões, a exemplo temos: animação retada( enorme), macheza( homem valentão ou machão), leito de ferro, tudo xixica para passar o tempo ( fofoca), mania de querer bulir na bichochota, deixa tua quiriquinha em paz, não vou deixar que mexa na peladinha, converse tapiativo, pitança( alimento que se serve em dia de festa), oxente ( interjeição, espanto) incontáveis tratantices ( atos de tratantes), sem eira nem beira( sem recursos, na miséria), a duras penas, roendo beira de penico, quando empombam, empombam de vez ( nervoso).
Ocorre também a variação diatópica, que devemos levar em consideração o fato de existir uma intensa migração interna no país, o que resulta em “ variedades linguísticas de procedências diferentes, entre as quais acabam se criando diferenças de status e prestígio”. 
Além das variações  existentes estudadas por Ilari e Basso, Marcos Bagno (2007, p. 47), acrescenta a variação diafásica, que afirma que cada falante utiliza a língua de forma diferenciada – diferença de graduação do informal para a formal – e isso diz respeito ao seu estilo, presente no livro em estudo, Dona Flor e seus dois maridos, nas seguintes expressões em que a linguagem formal faz referências a outras línguas: Latim:  ultimatum -  Digitalis communia stabilisata – Obra do Dr. Dinis; Francês baiano:  rafiné, non cheiri, quele merde, a locê de parler, vive a la godaça vis a vis; Italiano: sono fregato, sono futuro! Repetiu Pelancchi Moulas).
Quanto a linguagem literária empregada por Jorge Amado no Livro Dona Flor e seus dois Maridos, é utilizada um vocabulário denotativo, em que procuramos nos expressar com  uma linguagem clara e objetiva atentando para o sentido preciso dos vocábulos, no entanto, é grande o uso de um vocabulário conotativo, em que atribuímos um significado subjetivo, simbólico, figurado aos vocábulos, extrapolando seu sentido dicionarizado. Fazendo uso dessa linguagem conotativa, Jorge Amado emprega inúmeras figuras de linguagem, pensamento e construção, entre as quais a Sinestesia:  Vadinho: risada sonora e alegre de homem ladino e satisfeito com a vida, sua breve passagem por esse vale de lágrimas; Eufemismo: Ao partir dessa para uma melhor; Comparação: Rosilda, majestosa como um peru de roda; Hipérbole: Em torno do cadáver reunia-se uma pequena multidão a acotoverlar-se; Aliteração: numa revoada de risos; Polissindeto: nem sua voz, nem seu sorriso, de deboche, nem sua mão corrida, nem seu sono de fichas e paradas e por último a autonomásia: Dr Luís Henrique, um ruybarbosa de sabedoria.
Sabemos que a linguagem literária emociona e aproxima os seres humanos entre si. O homem contemporâneo apresenta sentimentos de desenraizamento em relação a tempo e espaço, uma sensação de não pertença, um estado de pânico perante o mundo e dificuldades no estabelecimento de contatos para com os outros. Apesar disso, tem uma profunda necessidade de fazer parte de algo. Nesse cenário, ao tecer mundos, a linguagem literária  toca, emociona e mobiliza o ser humano, tanto no nível racional como no emocional, e favorece uma vinculação do homem consigo mesmo, como os outros homens e com o mundo.
É por isso que segundo Jorge Amado, um livro surge às vezes de um acontecimento, de uma frase, de uma pessoa, assim como em Dona Flor e seus dois maridos. O romance é resultado de uma história real ocorrido na década de 30 na Bahia com uma senhora que, quando jovem, casara com um boêmio, jogador e mulherengo, morto logo depois do casamento. Tendo a cidade de Salvador, na Bahia como cenário, surge Flor, recatada professora de culinária e seus dois maridos. A linguagem utilizada no livro apresenta  um  vocabulário  riquíssimo e reflete a multiculturalidade  própria do Estado da Bahia, onde se desenrola a ação. 
Como qualquer representação de identidade ( que é sempre dinâmica e contextual), a baianidade-brasilidade construída por Jorge Amado, ao mesmo tempo que condensa elementos objetivos e observáveis em dado momento, distorce, inventa ou generaliza certos aspectos da sociedade brasileira.
Jorge Amado foi um escritor movido pela utopia de pensar e reinventar o Brasil – utopia que no inicio de carreira se traduziu na militância comunista, e com o passar dos anos, se transformou num elogio rasgado da mestiçagem e sincretismo. Seus retratos da Bahia parecem ganhar, sempre, voo próprio, alcançando um público enorme. O Brasil de Jorge Amado é, pois, multifacetado e descoberto por ângulos os mais inusitados, um deles é a linguagem.
Podemos então afirmar que não há um padrão linguístico definido por Jorge Amado no livro Dona Flor e seus dois maridos, embora, haja uma predominância da linguagem coloquial/regional, a ser comprovado nessas falas do personagem Vadinho: - La vou eu, minha russa do Tororó... "vamos vadiar, minha filha"; - Onde já se viu vadiar de camisola? Por que tu te esconde? A vadiação é coisa santa, foi inventada por Deus no paraíso, tu não sabe? - Que Deus me perdoe padre... Mas não parece que o anjo está fretando a santa? - Desculpe, Dom Clemente, mas é que esse anjo tem uma cara manjada de gigolô... Nem parece anjo... Espie o olho dele... olho de frete . . Padre, se Deus quisesse mostrar mesmo sua capacidade, fazia o 17 dar doze vezes seguidas. - Só uma bramota polar pode nos salvar a vida... "Sua puta, tu me paga!", Pois aqui estou, meu bem, cheguei indagorinha; - Tu está tão bonita, tu nem sabe... Tu parece uma cebola, carnuda e sumarenta, boa de morder... Quem tem razão é o salafra do Vivaldo... Bota cada olho em teu pandeiro, aquele fístula...- Não se zangue, meu bem... - Não posso estar  indo e voltando... Ou tu pensa que é uma viaginha de brinquedo, como ir daqui a Santo Amaro ou a Feira de Sant'Ana? Pensa que é só dizer "eu vou ali, já volto?" Meu bem, já que vim eu me instalo de uma vez... - Vem aqui, Flor, vem deitar junto de mim, vamos vadiar um pinguinho. Deita aqui, vamos rebolar nesse colchão cutuba.... Nessas falas podemos perceber que Jorge Amado  esbanja da linguagem de inúmeras formas deixando os seus romances com uma riqueza cultural enorme, percebemos claramente a afirmativa de Antunes ( 2007),  que diz que a língua é parte de nós mesmos, de nossa identidade cultural, histórica, social.  É a língua que nos faz sentir pertencendo a um espaço. É ela quem confirma nossa declaração. 
E como há várias influências distintas no português do Brasil em diferentes proporções. Fiorin (2004), ao tratar das questões ideológicas da formação das línguas, explica que se por um lado o sistema de uma língua não obedece totalmente a um parâmetro socioeconômico, por outro lado a língua é condicionada ideologicamente. Além disso, Antunes (2007), afirma que não existem usos linguisticamente melhores ou mais aceitos que outros existem usos que ganham mais aceitação por razões advindas do poder econômico e político da comunidade que adota.
A melhor maneira de promover uma política linguística que respeite e valorize as variantes utilizadas pelos falantes é o ensino porque as pessoas sempre sentiram compulsão para defender a integridade de sua língua por isso criaram “convenções”, normas, capazes de garantir a manutenção de identidade linguística, no entanto, nas escolas ainda prevalece o ensino de regras gramaticais, sem nenhuma reflexão ou adequação à realidade da comunidade linguística de que o aluno faz parte. 


REFERÊNCIAS


ANTUNES, Irandé. Muito Além da Gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho. Ed. Parábola, 2007

BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parabola, 2007.
BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais – primeiro e segundo ciclos do Ensino Fundamental: Língua Portuguesa. Brasilia: Secretaria de Educação. MEC, 1997.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006. 
FIORIN, J. L. Linguagem e ideologia. 8.ed. São Paulo: Ática, 2004.
ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. O português da gente: a língua que estudamos a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006.
NADIN DA SILVA, O. L. Das ciências do léxico ao léxico nas ciências: uma proposta de dicionário português –espanhol de economia monetária. Tese ( Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa ) -  Programa de Pós-Graduação em Linguística e Língua Portuguesa. Unesp, Araraquara. 2008.
PRETI, Dino. Sociolinguística: os níveis da fala: um estudo sociolinguístico do dialogo na literatura brasileira. 9. Ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2000.
SAUSSURE, F. Curso de Linguística geral. 15.ed. São Paulo: Cultrix, 1989.



Ser professor...




O Professor vai além da Gramática, da Matemática, História, Geografia, Arte, Língua   Estrangeira, Educação Física, da Física, da Química, das Ciências, do ensino das Profissões,
Vai muito além do Semanário,
Muito além dos Bimestres,
Muito além das Provas e trabalhos,
Muito além dos 200 dias letivos
Muito além da Recuperação e dos Exames
Muito além do Planejamento anual e do Calendário,
Muito além da jornada de trabalho dupla, ou até tripla
Muito além da indisciplina dos alunos
Muito além da incompreensão dos Pais

Somos Educadores, apesar de tudo isso.
    Somos Educadores porque o mundo ainda precisa de: Homens e Mulheres de bem, de Poetas, Engenheiros, Médicos, Advogados, Psicólogos, e tantas outras Profissões.
   Somos Educadores porque o mundo em que vivemos precisa ser um mundo melhor, e precisa urgentemente de pessoas melhores.
Muitas profissões devem homenagens, reconhecimento e gratidão a todos os Professores, não apenas no dia de hoje, mas todos os dias de sua existência.
Meu desejo é que todos os Professores sejam renovados e fortalecidos diariamente para transformar vidas, inspirar crianças, jovens e adultos  a transcenderem  tudo o que é medíocre e alcançarem a excelência.

Acróstico

Homenagem ao Colégio Municipal Nossa Senhora do Carmo

                                      ( Profª Mariene Macedo)


Com exemplos a serem seguidos
Orgulhamos  de transmitir conhecimentos
Lidando com aluno de toda idade
                        Educação de qualidade está em nossos pensamentos
                        Garantindo o desempenho das pessoas da nossa cidade
Investindo sempre em nossos planos
                        Objetivos a serem cumpridos

Muitos por aqui passaram  conseguiram
Ultrapassar barreira que parecia infernal
Não desanimaram e nem ficaram em cima do muro
Imprevistos aconteceram, mas seguiram
Conquistaram seu ensino fundamental
Investindo em seu futuro
Procuraram melhorar a sua vida
Alguns partiram, outros ficaram
Lembrando sempre da sua partida

Nossa quanto tempo passou!
Os ensinamentos ficou!
Sempre com uma missão
Somos mesmo cidadão
Atentos pela educação

Sabemos que muitos fazem a história da escola
Enquanto que aqui permanece
Não  esquecemos Elza que ficou na memória
Honras registramos a Eliud e Rosália
Ontem e hoje o professor não esquece
Registramos os alunos que não esquecem a cola
Antes e sempre Adriana e Idália.

Desse jeito todos ficam contentes
Os professores, porteiro e serventes
           

Carinhosamente estamos alegres a comemorar
Anos de educação e compreensão
Respeito ao aluno é nossa missão
Muitos anos ainda virão

Orgulhosos não podemos parar.

Desafios nas redes sociais

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