JUSTIFICATIVA
Este
projeto visa o cumprimento da carga horária exigida pelo Curso de Letras do
Programa de formação de professores PARFOR e oportunizar a associação da teoria
à prática. O gênero textual conta de energia elétrica será aplicado no Centro
Educacional Senador Jutahy Borges Magalhães, no município de Boa Vista do
Tupim, com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II, oriundos em sua maioria
da sede do município.
A
escolha deste gênero textual foi feita a partir de uma discussão em sala de
aula com o professor-pesquisador responsável pela orientação das oficinas,
quando o grupo concluiu que é de grande importância o trabalho com este gênero,
uma vez que, este faz parte do cotidiano dos alunos, mas não é de praxe a escola
trabalhá-lo.
Levamos
em consideração também que este gênero é próprio da leitura e pode oferecer aos
educandos subsídios para uma excelente produção de texto oral, além de
incentivar prática de redução do consumo e do valor da conta de energia
elétrica, e a reflexão para a importância de auto-sustentabilidade do planeta.
A conta de luz reflete o modo como a
energia elétrica é utilizada e sua análise por um período de tempo adequado,
permite estabelecer relações importantes entre hábitos e consumo.
Além de revelar relações entre
hábitos e consumo de energia elétrica, úteis ao se estabelecer rotinas de
combate ao desperdício, a análise da conta de luz é a base para a avaliação
econômica dos projetos de eficiência eletro-energética.
É importante que haja uma compreensão da forma como é cobrada a energia
elétrica e como são calculados os valores apresentados nas contas de luz porque
é fundamental para a tomada de decisão em relação a projetos de eficiência
energética.
Embora uma análise completa exija
certa experiência e conhecimento técnico, com um exemplo servindo de guia e
algum treino, qualquer pessoa pode identificar as oportunidades de redução de
despesas com a energia elétrica.
Por ser um gênero em que muitas
pessoas não estão atentos e passa despercebido, é importante ter um
conhecimento mais amplo, através dele podemos exigir e reivindicar nossos
direitos enquanto cidadãos e consumidores, a exemplo disso temos o órgão responsável
ANEEL, que através de artigos nos informa todos os direitos e deveres que
temos. Por exemplo, o artigo 83 nos informa
o que obrigatoriamente a fatura de energia elétrica deve conter: a) nome
do consumidor; b) número de inscrição no CNPJ ou CPF quando
houver; c) código de identificação; d) classificação da unidade
consumidora; e) endereço da unidade
consumidora; f) número dos medidores de energia elétrica ativa e reativa e
respectiva constante de multiplicação da medição; g) data das leituras anterior
e atual dos medidores, bem como da próxima leitura prevista; h) data de
apresentação e de vencimento; i) componentes relativas aos produtos e serviços
prestados, discriminando as tarifas aplicadas; j) parcela referente a impostos
incidentes sobre o faturamento realizado; k) valor total a pagar; l) aviso de
que informações sobre as condições gerais de fornecimento, tarifas, produtos,
serviços prestados e impostos se encontram à disposição dos consumidores, para
consulta, nas agências da concessionária; m) indicadores referentes à
qualidades do fornecimento, de acordo com a norma específica; n) número de
telefone da Central de Teleatendimento e/ou outros meios de acesso à
concessionária para solicitações e/ou reclamações; o) número de telefone da
Central de Teleatendimento da Agência Reguladora Estadual conveniada com a ANEEL, quando houver; e p) número 080061 2010
da Central de Teleatendimento da ANEEL. E
quando pertencente: a) multa por
atraso de pagamento e outros acréscimos moratórios individualmente
discriminados; b) parcela referente ao pagamento (créditos) de juros do
empréstimo compulsório/ ELETROBRÁS; c) Indicação do respectivo desconto sobre o
valor da tarifa, em moeda corrente; d) Indicação de fatura vencida, apontando
no mínimo o mês/referência e valor em reais; e) Indicação de faturamento
realizado com base na média aritmética nos termos dos Arts. 57, 70 e 71 e o
motivo da não realização da leitura; f) Percentual do reajuste tarifário, o
número da Resolução que o autorizou e a data de início de sua vigência nas
faturas em que o reajuste incidir.
A
condução de um aprendizado com pretensões formativas, mais do que do
conhecimento científico e pedagógico acumulado nas didáticas específicas de
cada disciplina da área, depende do conjunto de práticas bem como de novas
diretrizes estabelecidas no âmbito escolar, ou seja, de uma compreensão
amplamente partilhada do sentido do processo educativo
Um dos
pontos de partida para esse processo é tratar, como conteúdo do aprendizado
elementos do domínio vivencial dos educandos, da escola e de sua comunidade
imediata. Isso não deve delimitar o alcance do conhecimento tratado, mas sim
dar significado ao aprendizado, desde seu início, garantindo um diálogo
efetivo. A partir disso, é necessário e possível transcender a prática imediata
e desenvolver conhecimentos de alcance mais universal. Muitas vezes, a
vivência, tomada como ponto de partida, já se abre para questões gerais, por
exemplo, quando através dos meios de comunicação os alunos são sensibilizados
para problemáticas ambientais globais ou questões econômicas continentais.
Nesse caso, o que se denomina vivencial tem mais a ver com a familiaridade dos
alunos com os fatos do que com esses fatos serem parte de sua vizinhança física
e social.
Portanto,
sabemos que a sobrevivência do ser humano, individual e
grupal, nos dias de hoje, cada vez mais solicita os conhecimentos que permitam
a utilização competente e responsável de determinados materiais reconhecendo as implicações sociopolíticas,
econômicas e ambientais do seu uso.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Ao
entendermos que a escola deve atuar na formação de alunos capazes de exercer a
cidadania, compreendendo criticamente as realidades sociais, é fundamental que
os educadores de todas as áreas do conhecimento trabalhem a especificidade das
práticas sociais e o reconhecimento do gênero textual a ser utilizado em
determinada situação sociocomunicativa, ou seja, os gêneros e os textos devem
constituir ponto basilar das atividades propostas pelos professores.
Ao
insistirmos no trabalho com o gênero acreditamos propiciar aos educadores de matemática, química, geografia etc. outras perspectivas em relação aos gêneros e
textos que fazem e farão parte do seu dia-a-dia, quanto à leitura, discussão,
reflexão, criação, análise e inter-relação com outros gêneros e textos. Morin
(1998, p.30) afirma que “hoje, há que se insistir fortemente na utilidade de um
conhecimento que possa servir à reflexão, meditação, discussão por todos, cada
um no seu saber, na sua experiência, na sua vida”.
Promover uma aula baseada no conceito de gênero textual
permite o desenvolvimento da identidade cidadã de nossos alunos, mas exige
alguns importantes deslocamentos na tradição curricular: a língua portuguesa
deixa de ser limitada por uma visão gramatical teórica e passa a ser
considerada uma atividade humana, um meio, por excelência, de existir no mundo.
Isso nos desafia a levar essa língua para a sala de aula o mais próximo
possível de como ela é surpreendida em seu uso cotidiano.
Todas as atividades humanas estão relacionadas com a
utilização de linguagens e estas não são apenas feitas de palavras, mas de
cores, formas, gestos etc. Para se tornarem “linguagem”, tais elementos
precisam obedecer a certas regras que lhes permitam entrar no jogo da comunicação.
Uma delas é que toda manifestação da linguagem se dá por meio de textos, os
quais surgem de acordo com as diferentes atividades humanas e podem ser
agrupados em gêneros textuais.
Imagine a confusão se uma simples conta de luz viesse,
a cada mês, escrita de modo diferente, sem seguir um padrão. Quando recebemos
uma conta de luz, reconhecemos o modelo, sabemos para que serve, localizamos as
informações mais importantes, deixamos de lado o que não nos interessa, ou
seja, organizamos a nossa vida. Isso porque conta de luz é um gênero textual.
Conta de luz, telenovela, fofoca, são
alguns exemplos de gêneros que, pelo seu constante uso social, não oferecem
muitas dificuldades de compreensão. Assim, é importante pensar em para quem se
escreve, por que se faz, qual a real necessidade de fazê-lo, o que o leitor
efetivamente conhece sobre o tema, o que pensa dele, como fazer-se compreender,
como usar a língua na produção desse texto, como o texto solicita uma ou outra
estratégia de leitura. Tais questões, na escola, tornam necessário construir um
currículo que valorize tanto a função social do texto como a sua forma. Na
prática, isso significa considerar a cultura na qual o gênero se constitui como
ação social. Em outras palavras, devemos considerar até que ponto a comunidade
que faz uso desse gênero efetivamente se apropriou dele e como o fez.
Os gêneros são produtos da cultura de determinada
sociedade. Constituídos por certos conteúdos, além de estilo e forma próprios,
apresentam funções sociais específicas. Tornam-se, desse modo, modelos
comunicativos que permitem a interação social. O trabalho com gêneros textuais
na escola pressupõe um modo próprio de se relacionar com a linguagem e com o
currículo da língua portuguesa. Significa cultivar uma atitude educacional
alicerçada por sólido conhecimento da linguagem, vista como prática cotidiana.
Segundo Soares, se as normas e regras que compõem o caráter escolar
dificultam o ensino da leitura e da escrita enquanto práticas sociais, e se
este não for o único meio de difundir essas práticas, mas, se é o mais
aceitável, devemos então, nos preocupar com a qualidade com que se ensina a
leitura e a escrita dentro da escola. Sobre essa importância da construção do
currículo associado à função social da leitura dos gêneros textuais Soares
(2003) diz:
Práticas de letramento a se ensinar são aquelas que, entre
as numerosas que ocorrem nos eventos sociais de letramento, a escola seleciona
para torná-los objetos de ensino, incorporada aos currículos, aos programas,
aos projetos pedagógicos, concretizadas em manuais didáticos, práticas de
letramento ensinadas são aquelas que ocorrem na instância real da sala de aula,
pela tradução dos dispositivos curriculares e programáticos e das propostas dos
manuais didáticos em ações docentes, desenvolvidas em eventos de letramento
que, por mais que tentem reproduzir os eventos sociais reais, são sempre
artificiais e didaticamente padronizados, práticas de letramento adquiridas são
aquelas, de que, entre as ensinadas, os alunos efetivamente se apropriam e
levam consigo para a vida fora da escola. (ibid.p.108).
Ao
entendermos que a escola deve atuar na formação de alunos capazes de exercer a
cidadania, compreendendo criticamente as realidades sociais, é fundamental que
os educadores trabalhem a especificidade das práticas sociais e o
reconhecimento do gênero textual a ser utilizado em determinada situação
sociocomunicativa, ou seja, os gêneros e os textos devem constituir ponto
basilar das atividades propostas pelos professores.
Objetivos
Geral
Ø Apropriar-se de informações relevantes para a
leitura e compreensão do gênero textual conta de energia elétrica, bem como sua
função social.
Específicos
- Mostrar como
funciona a leitura do consumo na conta de energia elétrica;
- Identificar a
conta de energia elétrica enquanto gênero textual de leitura;
- Observar na
conta de energia elétrica o consumo mensal de energia, através do gráfico;
- Retirar as
informações pertinentes do vídeo;
- Atentar para
as informações que ajudam a diminuir o gasto de energia elétrica;
- Relacionar a
leitura do gênero com a necessidade de economia para o incentivo à
sustentabilidade;
- Entender o
impacto das tecnologias associadas às Ciências Naturais, na sua vida
pessoal, nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e
na vida social.
- Listar
atitudes simples em relação ao uso de energia que podem resultar, em uma
redução drástica do valor da conta de luz;
- Conhecer as
fontes de energias, suas vantagens
e desvantagens;
- Resolver
situações-problemas a partir de um contexto;
- Identificar
elementos presentes em uma conta de luz;
- Analisar
gráficos para interpretá-los posteriormente;
- Conhecer o
órgão responsável pela regulamentação da energia elétrica – ANEEL através de leituras.
CONTEÚDOS
- Leituras em
conta de luz;
- Resolução de situação-problema;
- Análise de gráficos e tabela;
- Interpretação de textos;
- Meio ambiente
- Fontes de energia
METODOLOGIA
1º MOMENTO
Apresentação
em data show de uma conta de luz para fazer a identificação do gênero e o
conhecimento prévio dos alunos fazendo alguns questionamentos:
·
O que a imagem sugere?
·
Podemos considerar a conta de luz um
gênero textual? Por quê?
·
O que vocês sabem sobre este gênero?
·
Qual a função social desse gênero?
·
Onde é veiculado este gênero?
2º MOMENTO
a.
Mostra de vídeo "De onde vem a
energia elétrica?";
b.
Apreciação de artefatos utilizados
como geradores de energia;
c.
Reflexão sobre o vídeo e os
artefatos.
·
Vocês conheciam o processo da
energia elétrica até chegar a nossa casa?
·
Vocês conheciam estes artefatos?
·
Informar aos alunos que a geração, a transmissão e a distribuição de
energia é um processo de fundamental importância para a sociedade e
desenvolvimento econômico. Que se faz necessária em nossas casas, ruas, meios
de transporte, atividade econômica, etc. No entanto, as fontes energéticas mais
utilizadas são as não renováveis e suas reservas estão se esgotando.
·
Distribuir
um boletim informático com os principais
tipo de energia renováveis e não renováveis, qual a sua vantagem e desvantagem e como se obtém.
3º MOMENTO
a.
Leitura em pequenos grupos de
diversas contas de energia elétrica;
b.
Apreciação dos elementos
estruturadores (cores, formas, formato gráficos, colunas) e linguísticos
(expressão com termos específicos, etç.)
· Vocês costumavam ler e observar estes elementos na conta de energia
elétrica?
· É importante fazer a leitura de todos esses elementos contidos na conta
de energia elétrica?
· Por que será que foi reduzido o tamanho da fatura?
· Qual a finalidade da utilização de cores diversificadas na fatura? E o
que você acha disso?
·
Além do valor, que outra informação você
considera importante na fatura?
· Quem
consumiu mais e menos energia elétrica?
· Que mês
o consumo foi maior e menor?
· O que a conta de luz que você recebe em sua
casa tem a ver com o meio ambiente?
4º
MOMENTO
·
Em um cartaz mostrar uma tabela para os alunos, alguns
eletrodomésticos e a potência respectiva de cada um deles;
·
Questionar qual dos
eletrodomésticos indicados, gera maior gasto durante um mês em Kw/h;
·
Simular uma situação
problema com um eletrodoméstico tendo por base um valor de custo de R$ 0,30
centavos por hora para saber quanto ele gastaria em um mês usando a seguinte
fórmula : P. D. H = P potência, D números de dias de uso e H = horas
Eletrodoméstico
|
Potência
|
TV
|
110 W
|
Radio pequeno
|
10 W
|
Geladeira
|
90 W
|
Ferro
|
1000 W
|
Chuveiro
|
3800 W
|
Lâmpada
|
100 W
|
Ar-condicionado
7.500 BTUS
|
1.000W
|
Computador
/ impressora
|
180 W
|
Geladeira
02 portas
|
120 W
|
Lâmpada
incandescente
|
60 W
|
Lâmpada
fluorescente compacta
|
15 W
|
TV 14 e
|
60 W
|
Ventilador
|
65 W
|
5º MOMENTO
Para a produção
textual os alunos deverão utilizar uma programação de rádio, teatro ou outra
modalidade para a divulgação de informações relevantes da conta de energia elétrica.
6º MOMENTO
Apresentação na área externa, para a
comunidade escolar, dos textos orais produzidos pelas equipes.
RECURSOS
- Vídeo;
- Objetos
alternativos geradores de energia (velas, candeeiros, lamparinas,
lanternas, aladim)
- Data show
- Cartazes
- Recibo da
conta de energia elétrica
- Pilotos,
- Papel metro,
- Cola,
- Tesoura,
- Lápis,
- Cartolina
Avaliação
A avaliação desta aula será feita considerando
a participação e o envolvimento dos grupos de alunos/as nas atividades.
REFERÊNCIAS
AOSANI, M., BOELTER, A. E., SCARTON,
C. R. Modelagem Matemática em Energia Elétrica.
Disponível em http://www.projetos.unijui.edu.br/matematica/modelagem/modelagem_energia/index.html,
acesso em 26 mai. 2010
BRASIL.
Ministério da Educação. Secretaria de
Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto
ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa, 1998.
LANDEIRA,
José Luís. Na
Ponta do Lápis. Ano V, nº 11,
agosto, 2009. Ed. AGWM. São Paulo.
MORIN, E. Ciência com Consciência.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
PROCEL- PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELETRICA. Manual de tarifação da energia elétrica. 1ª
ed. Maio, 2001