domingo, abril 17, 2016

PROJETO SOBRE ADOLESCÊNCIA

Adolescência: Dúvidas, questionamentos e reflexões, dialogar é preciso!


Justificativa

Esse projeto surgiu a partir da verificação das necessidades e problemas enfrentados pelos nossos alunos em seu cotidiano escolar, foi notado a inquietação e alguns comportamentos por parte deles  que  muitas vezes são por causa de uma orientação adequada em casa ou na própria escola.
A adolescência é um período de transformação, no qual o jovem busca identidade e inserção no grupo social, o que corresponde à fase da vida em que os direitos e privilégios da criança são trocados pelos direitos e responsabilidades do adulto. Os distúrbios, transtornos e problemas de comportamento do adolescente são influenciados pela família, que, por sua vez, sofre influência, no seu desenvolvimento, de problemas decorrentes da situação socioeconômica, do nível de escolaridade dos pais, das complicações de saúde, dos nichos sociais, das causas genéticas e culturais, bem como da política do país.
Quando o adolescente tem conhecimento sobre as questões do adolescer, como situações de risco, cidadania, projeto de vida, entre outros, pode ser o responsável por suas ações, pois terá maiores possibilidades de escolha. Com isso, passa a ser o transmissor da informação no seu grupo de convívio, podendo ser dentro da sua própria casa ou com seus amigos.
A criança ao passar para a fase da adolescência e juventude se depara com muitas transformações, tanto em seu corpo como em sua forma de agir e pensar, há uma modificação em sua personalidade. Ocorrem também, brutais transformações em suas relações sociais. O adolescente está se firmando perante a sociedade como pessoa, como sujeito munido de direitos e deveres está passando por um processo de formação de identidade que vem a ser segundo Sprinthall & Collins (2003, p. 202) “A formação da identidade é encarada como um processo integrador destas transformações pessoais, das exigências sociais e das expectativas em relação ao futuro.”
 O adolescente tem vários sonhos e desejos, anseia por respostas e nessa busca nem sempre as encontra. Às vezes a escola, a sociedade e a própria família não estão preparadas para dá-las, principalmente, nos dias atuais, em que enfrentam a imposição do mundo moderno e a orientação necessária.
Também nessa fase a ideia que o adolescente tem sobre o próprio corpo e suas experiências criam um referencial do seu corpo. A mudança sugere comparações entre os colegas, favorecendo uma avaliação da nova situação, o que gera uma mudança na sua imagem corporal. Entende-se que o fato de ser gordo ou magro, alto ou baixo, negro ou branco deve ser muito bem trabalhado, principalmente nessa fase da vida, de forma que haja orgulho e satisfação nas características pessoais de cada indivíduo e estabilização da autoestima.
Segundo Gunther (1999): “A adolescência, por sua vez, constitui uma guerra interna e externa, cuja batalha central é a formação da identidade.”
Para Nascimento (2006, p. 59)
“As concepções sobre a adolescência, embora com algumas nuances de diferenças entre si, evidenciam que este é um momento de crise, de transformações que culmina com um processo de construção da identidade, diferenciado do processo anterior ocorrido na infância. Novas buscas, papéis, escolhas e relações estruturam-se, o que provoca, em grande parte dos adolescentes, ansiedade, medo e insegurança.”
Embora o tema fosse específico, a partir dele vários subtemas relacionados a  atitudes, comportamentos, costumes e problemas serão abordados.


Objetivo Geral

Proporcionar aos  alunos/as  o  acesso  amplo a informações e situações problemas sobre a adolescência promovendo ações educativas e culturais a fim de refletirem sobre comportamentos.




Objetivos específicos

·        Refletir sobre as imagens que estão no nosso cotidiano dos adolescentes atuais;
·        Questionar-se sobre atitudes e comportamentos  dos adolescentes;
·        Desenvolver habilidades para a produção sobretudo de textos escritos, e eventualmente de textos orais, de diferentes tipos e gêneros, adequados à situação comunicativa sobre os adolescentes;
·        Melhorar a qualidade na relação pais e filhos procurando minimizar as situações conflitantes, ao mesmo tempo incentivar uma interação harmoniosa e saudável entre os mesmos;
·        Oferecer ao aluno oportunidades de discussão e interação sobre a temática;
·        Relatar de maneira objetiva situações cotidianas através de diários;
·        Conhecer a fase adolescência em que estão ressaltando  as diferenças físicas e psicológicas como normais, e da diferença buscar respeito e beleza diversas;
·        Resgatar a infância, que a cada dia desaparece mais, gerando nos adolescentes uma precocidade em busca da vida adulta que traz como conseqüência as doenças dos adultos( ansiedade, depressão, síndrome do pânico, etc);
·         Identificar as tribos adolescentes e suas músicas promovendo uma série de ações como conhecer, respeitar, escolher, preservar-se, criar a sua;
·        Conhecer o conceito Adolescência e identificá-lo como uma construção histórica que passou por transformações diversas;
·         Promover um clima de respeito às diferenças ( físicas, psicológicas, étnicas, culturais);
  •  Propiciar o ensino de proteção a partir de ênfase em valores e na família.


Procedimentos

             
Os procedimentos metodológicos dar-se-á através dos subtemas escolhidos pelos professores, conforme tabela abaixo:
Disciplina
Subtema

Artes
O adolescente e as redes sociais.
Adolescentes e arte ( os famosos  adolescentes ontem e hoje)
A arte na adolescência

Geografia
O adolescente e as drogas lícitas e ilícitas

Língua Portuguesa
O Adolescente e seus diários

Gravidez na adolescência
Matemática
Estatística jovem: relações de gênero
Ciências
Gravidez na adolescência
Educação Física
·         Conhecendo o corpo do adolescente
·         Abuso e ou excesso na alimentação feita pelos adolescentes
·         Os jovens e a falta de atividade física
·         Uso de  anabolizantes na adolescência


História
·         O adolescente e a situação de vunerabilidade
Inglês
·           O uso do celular pelos adolescentes

Desenho Geométrico
Ø  Os conflitos diários dos adolescentes
Ensino Religioso


E constará das seguintes estratégias metodológicas:

  • Análises e comentários de imagens observadas;
  • Reescrita e releitura através de desenhos;
  • Músicas;
  • Paródias;
  • Teatro;
  • Escrita de diários
  • Palestras;
  • Entrevistas
  • Confecção de gráficos e tabelas
  • Montagem de um noticiário em htlm
  • Descrição de atividades e orientações aos professores, além da possibilidade de enriquecimento da proposta pelos mesmos de acordo com o desenvolvimento dos trabalhos.


Cronograma

 Durante a I unidade letiva  ( sendo de 03 de março a 14 de maio)



Recursos

TV, computador, livro didático, revistas,  cartolinas, cola, jornais, data show, vídeos entre outros


Avaliação


A avaliação é uma etapa fundamental no processo ensino/aprendizagem pois possibilita verificar em que medida houve progresso do aluno, face às metas e aos objetivos de ensino/ aprendizagem propostos, e oferece subsídios para rever ações metodológicas. Para isso deve ser um processo contínuo que aparece em cada atividade pela observação do desempenho dos alunos, como raciocinam  e se adquirem novas habilidades.
Assim, cada professor em sua disciplina buscará avaliar os alunos tendo esses parâmetros e que primem pelas atividades diárias, pois os estudantes serão observados quanto ao envolvimento, interesse, participação, assiduidade, habilidade na solução dos problemas propostos, a postura construída diante do novo conhecimento e as produções individuais e coletivas.



Referencias

GUNTHER, Isolda de Araújo. Adolescência e Projeto de Vida. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos da juventude, saúde e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde. 1999. P. 86-92.

NASCIMENTO, Ivany Pinto. Projeto de vida de adolescentes do ensino médio: um estudo psicossocial sobre suas representações. Imaginario, jun. 2006, vol.12, no.12, p.55-80. ISSN 1413-666X.

  
SPRINTHALL, Norman A: COLLINS, W. Andrew. Psicologia do Adolescente. Fundação Calouste Gulbenkian. 3. ed. Lisboa, 2003.




Análise do discurso de trecho do livro Cabeça de Porco II

O livro Cabeça de porco é fruto de uma parceria entre MV Bill (Rapper), Luiz Eduardo Soares (Antropólogo) e Celso Athayde (Produtor de MV Bill, idealizador e coordenador da CUFA - Central Única das Favelas) onde se reuniram em um só tema. A obra nos aponta temas como a violência nas favelas, as "ramificações" da vida no morro, que são a criminalidade, drogas ou tráfico, além da desestruturação familiar, o desamparo social, a corrupção da polícia, o racismo.
A obra parte de uma pesquisa que MV Bill e Celso Athayde iniciaram para retratar como vivem as comunidades marginalizadas. Eles percorreram o Brasil de Norte a Sul e visitaram as favelas mais conhecidas pela violência e criminalidade, uma jornada angustiante a cada parada. Vivem a realidade de um Brasil que poucos conhecem e por isso mesmo quem nos apresenta esse contexto são os relatos de moradores, com histórias marcadas pelo sofrimento da violência, das drogas e mortes.
No capítulo IV, intitulado como Invisibilidade e reconhecimento destacamos  o texto “ Invisibilidade, Reconhecimento e a Fonte Afetiva do Crime” ( p.175), e é a partir deste enunciado e de alguns trechos do referido texto, que iremos fazer uma análise de discurso de linha francesa, abordando os seguintes conceitos: Discurso, Sujeito e Formação discursiva.
A Análise do Discurso iniciou-se na França, na década de 60, com as publicações da Revista Langages, nº13, de Jean Dubois, em 1969, e do livro Análise automática do discurso, de Michel Pêcheux, também em 1969. A Análise do Discurso caracteriza-se como uma “transdisciplina” de interpretação que busca compreender o processo que leva à construção dos sentidos, pensando na relação entre a língua, discurso e ideologia. De acordo com Orlandi (2007, p. 17), “o discurso é o lugar em que se pode observar essa relação entre língua e ideologia, compreendendo-se como a língua produz sentidos por/para os sujeitos”.   

Destacamos o trecho do  livro Cabeça de Porco para analisarmos,

Um jovem pobre e negro caminhando pelas ruas de uma grande cidade brasileira é um ser socialmente invisível.[...] Uma das formas mais eficientes de tornar alguém invisível é projetar sobre ele ou ela um estigma, um preconceito. Quando o fazemos, anulamos a pessoa e só vemos o reflexo de nossa própria intolerância. Tudo aquilo que distingue a pessoa, tornando-a um indivíduo, tudo o que nela é singular, desaparece. O estigma dissolve a identidade do outro e a substitui pelo retrato estereotipado e a classificação que lhe impomos [ATHAYDE, Celso; BILL, MV; SOARES, Luís Eduardo.  P. 175].

Sabemos que as diferentes formas de viver a juventude, de ir a busca das suas necessidades, faz da cidade um lugar de representações simbólicas, sociais e físicas, onde se constroem as condições pessoais para o viver. O sentido de reconhecimento em que os jovens apontam como necessidade cidadã e muitas vezes ignorados pelos órgãos públicos, no tocante a ausência de oportunidades congruentes com as reais necessidades da juventude, pode ser entendida como sendo uma necessidade de auto-valorização e respeito pelas diferenças. No entanto, muitos desses jovens não tem essa oportunidade e passam despercebidos pela vida, o que nos faz questionar de que forma ou quando as pessoas são consideradas invisíveis para a sociedade.
É notável que a nossa sociedade é desigual, embora permaneça um discurso de que todos nós somos iguais perante a lei, mas  apenas no papel porque a todo momento tem pessoas que são vítimas de preconceito diversos, no trecho  em estudo ser foco de discriminação pela origem ou cor da pele gera revolta e reivindicação por oportunidades iguais.
Tendo em vista a formação discursiva que se define como aquilo que numa formação ideológica dada, ou seja, a partir de uma posição dada em uma conjuntura sócio-histórica determina o que pode  e deve ser dito. Encontramos nesse trecho a presença de um discurso capitalista, em que  a diferenciação das classes sociais através de um estereótipo  (pobre/rico), ou seja, o fato de ser pobre já é a culpa de todos os problemas que surgirem, rotulando-os como “ moleque perigoso ou guria perdida”, cujo comportamento já é previsível, resultados de estigmas associados à pobreza, os que derivam do racismo.
 Esses jovens estão inseridos em uma sociedade historicamente preconceituosa, jovens moradores de favelas, em sua grande maioria afrodescendentes, são impedidos de desfrutar de uma vida digna, com igualdade e oportunidade de acesso aos bens necessários à existência humana, como trabalho, habitação, saúde, educação, lazer e reconhecimento, fatores estruturais que constituem a condição para efetivação da cidadania. Dentre os fatores gerados pelas práticas excludentes percebemos a incansável busca pela visibilidade social que alguns jovens manifestam através do fascínio por  status e sedução proporcionados pelas armas de fogo, as quais representam para eles reconhecimento e poder.
Nesse trecho observamos um discurso em busca de um status mais elevado, uma ambição em mudar de vida de maneira fácil e rápida sem ao menos pensar nas conseqüências de seus atos, a única coisa que às vezes interessa é a satisfação do seu ego, a elevação da sua auto-estima mesmo que de maneira ilícita.
A transfiguração da identidade decorre da concepção problemática dos estereótipos, os quais têm assumido sacralidade na vida social, apesar de a priori não haver razão para tal legitimação. Os estereótipos estão diretamente atrelados às idéias preconcebidas a respeito de determinado assunto, pessoa ou imagem e podem gerar uma sistematização de ações que altera completamente a maneira pelo qual o outro passa a ser percebido em função da rotulação ou especificação dada a determinado grupo social. É o que se verifica no trecho abaixo:

Quem está ali na esquina não é o Pedro, o Roberto, a Maria, com suas respectivas idades e histórias de vida. Quem está ali é o “moleque perigoso” ou a “guria perdida”, cujo comportamento passa a ser previsível. Lança sobre uma pessoa um estigma correspondente a acusá-la simplesmente pelo fato de ela existir. Prever seu comportamento estimula e justifica a adoção de atitudes preventivas. Como aquilo que se prevê é ameaçador, a defesa antecipada será a agressão ou a fuga, também hostil. Quer dizer, o preconceito arma  o medo que dispara a violência, preventivamente (Invisibilidade, reconhecimento e a fonte afetiva do crime, por Luís Eduardo Soares, p. 175)


            Os cientistas sociais diriam que este é um caso típico de “ profecia que se autocumpre” Esses pessoas entram nessa vida e tornam-se “ invisíveis”  invisíveis porque nada é feito para reforçar a auto estima, apenas os colocam ( quando colocam) em instituições que os humilham, agridem, eliminando suas chances de regeneração, de recomeço.
O fato é que enquanto seres humanos, tudo o que vivemos nos diz respeito, e precisamos tomar atitudes que apontem uma melhoria na qualidade de vida dessas pessoas que vivem em favelas e que não são vistos pelo poder público, ao não ser em campanhas eleitorais, como diz o livro Cabeça de porco, porque somos cúmplices da sociedade em que vivemos – com seus defeitos e qualidades, - por omissão ou contribuição ativa” ( p.223), e assim se nada fizermos essas pessoas continuarão invisíveis aos nossos olhos no dia a dia sendo preciso torná-las visíveis em toda a comunidade/sociedade, assim como na mídia e não apenas  visível apenas quando eles fizerem mal a alguém como roubando ou matando como é retratada atualmente.






Referências

MELUCCI, Alberto. Juventude, tempo e movimentos sociais. Revista Young. Trad. Angelina Peralva. Estocolmo: v. 4, nº 2, 1996, p. 3-14.

SOARES, Luiz Eduardo; MV Bill, ATHAYDE, Celso. Cabeça de Porco. Rio de janeiro: Objetiva, 2005.

ALVES, Aline; BRITO, Glauber; LIMA, Jaiane; MODESTO, Cristiane; PEREIRA, Adilton; QUADROS, Adriana. Cadeia da Violência. F2J. Salvador. Junho/2006.






Análise de discurso de trecho do livro Cabeça de Porco

O texto Dois reais ( pág 114) do livro Cabeça de Porco nos conta a historia real  de um  personagem chamado Nélio que foi morto porque devia 2 reais a traficantes de drogas. O traficante cobrava o debito sempre, mas Nélio era bom de papo e se livrava do pagamento, no entanto, no mundo das drogas sempre chega a hora do pagamento, ou seja, o traficante não sai perdendo e o mata com dois tiros, Nélio fica sangrando como um porco.
Sabemos que a construção de um discurso pelo sujeito depende de suas condições de produção, essas condições de produção é o que caracteriza o discurso e o constituem como objeto de análise.
O texto é narrado numa favela, o morador da mesma convive com a exclusão no dia a dia: desde a falta de estrutura das casas até a falta de um emprego digno. Chega um determinado momento em que a única forma de conseguir sobreviver é trabalhar para os traficantes. Como consequência dessa atividade criminosa, morrem muitos pais de família e, para manter as mesmas condições de sustento, muitos jovens assumem o posto que fora do pai, iniciando o ciclo de violência e morte para muitos jovens.
O discurso, nesse sentido, para além de sua postura política, passa a ser ornamentado por uma perspectiva testemunhal, determinando a voz oriunda dos espaços periféricos como a verdadeira forma de representação da miséria e da violência que assola estes espaços.
Para Pêcheux, segundo Brandão,

No discurso, as relações entre esses lugares, objetivamente definíveis acham-se representadas por uma série de “formações imaginárias” que designam o lugar que destinador e destinatário atribuem a si mesmo e ao outro a imagem que eles fazem de seu próprio lugar e do lugar do outro. (BRANDAO, 2004, p.44)

A  exemplo do efeito produzido pelo discurso do texto “Dois Reais” na expressão “ Você me aguarde”que representa uma ideologia repleta de valores morais pertencentes ao cenário do tráfico,  esse sujeito traficante, que ameaça, que mata por dois reais evidencia uma formação ideológica que o rege, no caso a criminalidade.

Esses lugares citados por Brandão acima e essas relações são conflituosas. No mundo do crime e da violência, há uma ética e uma moral; no entanto, esses conceitos têm seus valores reformulados perante a sociedade que rege o tráfico. Nessa sociedade capitalista, dois reais são uma dívida que pode ser paga com a própria vida. Nélio devia dois reais; não pagou e foi brutalmente assassinado perante os amigos: A expressão “Nélio ficou sangrando que nem um porco” nota-se uma intertextualidade com o Naturalismo, foi  atribuído ao  personagem  características animalescas. Nélio, quando é comparado a um animal, passou a ser insignificante, pois um porco morto não faz falta à sociedade; serve, antes, para alimentá-la. Infere-se, portanto, que Nélio foi mais um “alimento” para a crescente violência da sociedade.
Assim, a animalização da personagem é uma característica presente nas obras naturalistas, pois, quando elas adquirem adjetivos comuns a de um animal, voltam ao seu passado, à sua essência instintiva, e essa característica, segundo o Naturalismo, faz parte do ser e dele se torna impossível se dissociar. Essa intertextualidade torna os leitores mais próximos e sensíveis, com um olhar crítico para os verdadeiros problemas sociais.
O trecho “ A esperança como dever (p.115-125), do livro Cabeça de Porco, mais precisamente nas páginas em estudo ( 122-23) nos descreve a esperança, do bandido como humano  apto a mudar e todas as implicações que uma mudança tem, a primeira nos remete ao perdão, no sentido de regeneração do comportamento e a segunda o perdão enquanto cidadão, ou seja, ao fato de ser absolvido por um julgamento jurídico, nos traz uma esperança no sentido de que enquanto houver vida, há esperança de mudança, no entanto nos mostra que a única saída para a maioria deles é a morte; por isso, esse preceito de base positivista pode ser questionado por um simples argumento: nem todo mundo que se corrompeu irá morrer no universo do crime ou não conseguirá voltar a ser um cidadão honesto.
            A formação discursiva é um conceito sofisticado e fundamental para que  possamos entender o discurso que se pretende analisar. O filósofo francês Michel Foucault (1997, p. 35) define formação discursiva como “um conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço e que definem em cada época dada e para cada área social e econômica, geográfica ou lingüística dada as condições do exercício da função enunciativa”.
A formação discursiva desse texto é predominantemente religiosa, mas sabemos que enquanto outros discursos se abrem a possibilidade para que haja a troca no processo comunicativo, no discurso religioso, isso é limitado, pois quem fala sempre é a voz de Deus, por meio de seus representantes. Dessa forma, podemos definir o discurso religioso presente no texto como aquele que “[...] o homem faz falar a voz de Deus” ( ORLANDI, 1987, p.30).
Assim, no texto em estudo há um discurso religioso que se faz presente a tentação e a intimidação, a tentação porque agindo de forma como a doutrina é pregada pelos religiosos representantes das igrejas, os fieis podem alcançar o reino dos céus e intimida porque a não aceitação conduz a alma ao castigo, ou seja, ao inferno. Dessa maneira, o discurso católico é ainda muito presente na sociedade brasileira, mesmo muitos afirmando que não frequentam a igreja. Nesse sentido afirma Brandão (1999, p. 23) “a ideologia se materializa nos atos concretos, assumindo com essa objetivação um caráter moldador das ações”, assim sendo, o sujeito inconscientemente toma um discurso da ideologia para si e o reproduz sem ao menos perceber. Não existe um discurso religioso fora das religiões.  Quando se ouve um discurso religioso, mesmo que não seja de uma religião familiar, identificamos como um discurso religioso e mesmo que o senso comum nos permita dizer que há muitos sujeitos que, nos dias de hoje, distanciaram-se da igreja, os principais conceitos dessa instituição ainda estão fortemente marcados em seus discursos.
Sabemos que para entendermos melhor esse formação discursiva religiosa, outros discursos devem ser tomados em consideração como o discurso da psicologia comportamental, muito forte na época, do individualismo, do consumo, do anti-comunismo,  e  isso nos infere aos  direitos humanos que fazem parte de uma formação discursiva que se poderia chamar de cultura ocidental, que se impõe ao mundo por construções de discursos hegemônicos ou até mesmo pela força. A grande maioria das pessoas que estão sobre o planeta tem culturas que  não aceitam os direitos humanos como universais, persistindo assim um  princípio determinista em que uma pessoa criada na favela será sempre um marginal, dificilmente será vista como um trabalhador  ou  que, uma vez bandido sempre bandido, não merecendo assim o arrependimento dos seus pecados.



Referências:


BRANDÃO, Helena. Introdução à analise do discurso. São Paulo: UNICAMP. 8. ed.
2002.

FOUCAULT, M. A Ordem do Discurso.  São Paulo: Loyola, 1996.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 9ª Ed., Campinas, SP. Pontes Editores, 2010

__________. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 2ed. Campinas:

COMPETÊNCIA TEXTUAL “CAPACIDADE TRANSFORMATIVA” (ESCRITA)

JUSTIFICATIVA

 A competência textual é um conceito da sociocrítica e da semiótica textual que traduz o nível de preparação do leitor/falante/ouvinte perante o texto, para além do conhecimento imediato do código linguístico. As operações que realizamos perante um texto – distinguir entre texto e não-texto, distinguir diferentes tipos de texto, fazer a paráfrase de um texto, fazer o resumo de um texto, etc. – resultam da competência que exibimos para o compreendermos. Do ponto de vista da estética recepção, entende-se que o leitor interiorizou um determinado conjunto de regras que lhe permite produzir, explicar e compreender qualquer texto. Uma estética da recepção não colocará limites a este conhecimento apriorístico do leitor, mas entender-se-á sempre que a leitura dos textos, e em particular dos textos literários, exige uma competência específica, não universal, não partilhada por todos os falantes/ouvintes, e susceptível de ser treinada e aperfeiçoada.
É possível desdobrar a competência textual em subgêneros como competência narrativa, competência dramática e competência poética, mas, na prática, não se altera o conceito original. As competências narrativa, poética ou dramática possuem a mesma natureza e as mesmas condições de realização da competência textual, apenas se diferenciando pelo tipo de objeto produzido, pelo que as podemos considerar conceitos inconsequentes. O que se disser para cada uma delas terá que vir da fundamentação geral da competência textual: se a competência narrativa é a capacidade intuitiva para produzir textos narrativos (cf. T. A. van Dijk, 1972), é exatamente a mesma coisa que dizer que a competência textual é a capacidade intuitiva para produzir textos, incluindo os narrativos.
Sabemos que precisamos desenvolver as competências em nossos alunos, a sequência didática em questão visa a competência textual, abordando a Capacidade transformativa que tem por objetivo  transformar um texto já existente em outro, modificando, reformulando, resumindo.

PÚBLICO ALVO

Alunos do 6º e 7º ano do turno matutino do INSME.

OBJETIVO GERAL


ü  Construir  a competência textual a partir do desenvolvimento da capacidade transformativa de um texto imagético em um texto escrito.          


OBJETIVOS ESPECÍFICOS

ü  Criar texto baseado nas telas do artista Cândido Portinari;
ü  Respeitar a estrutura do texto descritivo;
ü  Discutir os temas abordados nas telas apresentadas;
ü  Conhecer as biografias de Cândido Portinari e Luiz Gonzaga;
ü  Estabelecer relação entre as telas de Cândido Portinari e as letras de algumas Músicas de Luiz Gonzaga.


CONTEÚDOS

ü  Biografia de Cândido Portinari e Luiz Gonzaga;
ü  Leitura imagética;
ü  Competência textual “capacidade transformativa;
ü  Tipologia textual (descrição)


PROCEDIMENTOS


1º Momento

ü  Apreciação de telas de Portinari em vídeo com o áudio Triste partida de Luiz Gonzaga;
ü  Levantamento prévio a respeito da vida de Portinari e Luiz Gonzaga
ü  Leitura do resumo biográfico


2º Momento

ü  Questionamentos orais sobre o vídeo;
·         O que vocês observaram nas telas e sentiram ao ouvir esta canção?
·         Nos primeiros versos o eu lírico deixa claro que tem esperanças de mudanças? O que ele espera mudar? Por quê?
·         Há alguma semelhança da canção com a obra de Cândido Portinari?
·         Você acha justo as pessoas viverem desta forma?
·         Por que será que essas pessoas vivem desse jeito?
·         O quê poderia ser feito para amenizar este problema? E quem poderia ajudar?

3º Momento

Ø    Informar para os alunos as características do gênero descritivo

Ø  Divisão da turma em pequenos grupos  para a produção de um texto descritivo sobre as telas analisadas,
Ø  Socialização  das produções (troca entre os colegas)
Ø  Discussão final das produções.


CRONOGRAMA

 ( 5 aulas )



RECURSOS

Data show, caixa amplificada, obras de Portinari, papel ofício.

  

AVALIAÇÃO


As produções escritas e a participação ativa dos alunos.



Neologismo / estrangeirismo

Oficina de Inglês: “Um novo olhar para a linguagem”
TEMA: Neologismo \ estrangeirismo
PÚBLICO: Alunos do 6º ao 9º ano



Justificativa

Visando desenvolver a atividade complementar, exigência do curso de Letras do PARFOR – Programa de Formação para Professores, e atender as necessidades dos alunos do 6º ano do ensino fundamental II das Escolas Municipais, no que se refere a inclusão de palavras estrangeiras, mais especificamente da língua inglesa, em nosso vocabulário social trabalharemos com o Gênero Textual Música, pois através deste os alunos terão a oportunidade de refletir sobre a importância de compreendermos como se dá essa inserção, em quais situações o uso é mais freqüente, estendendo a reflexão ao fato de que esse fenômeno amplia e gera novas palavras em nosso vocabulário sem desprestigiar a sua língua materna.
O projeto será desenvolvido nas escolas em que atuam os professores-alunos, cuja clientela é composta por dicentes do ensino fundamental, oriunda da zona rural e urbana.


Conteúdos

Ø  Gêneros textuais – Música, informativos;
Ø  Vocabulário;
Ø  Estrangeirismos;
Ø  Neologismos;
Ø  Cognatos;

Objetivo Geral

Ø  Refletir com os alunos a temática do neologismo / estrangeirismo para o trabalho na unidade, atentando nos textos para os vocábulos, conceituando importância dessa reflexão, reconhecendo a influência desses vocábulos em nosso dia-a-dia de maneira cada vez mais comum, bem como sobre as diversas fontes onde estes vocábulos têm aparecido.

Específicos

Ø  Ouvir o gênero textual estabelecidos para a unidade dando ênfase para os vocábulos estrangeiros;
Ø  Ler o gênero textual;
Ø  Conhecer o autor;
Ø  Reconhecer a função social do gênero textual música;
Ø  Identificar as palavras estrangeiras;
Ø  Reconhecer na música palavras que já são de uso freqüente;
Ø  Identificar as palavras que são cognatas;
Ø  Catalogar os vocábulos aos seus respectivos contextos.

Desenvolvimento das atividades

!º momento – Audição da música “Aprouch” de Zeca Balero com reflexão coletiva
Questionamentos:
Ø  Vocês conhecem esta música? A que ela se refere?
Ø  Já ouviram falar do autor dessa música? Conhecem outras composições deste autor?Os temas que ele aborda são sempre os mesmos?
2º momento – Comentários sobre o tema abordado na música, outras músicas em que apareçam este tipo de tema, e outras fontes de palavras estrangeiras.
Ø  Quais palavras vocês ouviram na música que não fazem parte do vocabulário Português?
Ø  Você já ouviram alguma dessas palavras?Quais?
Ø  Em sua opinião por que as palavras aparecem com tanta freqüência / insistência na música? Está chamando nossa atenção para que?
Ø  Já ouviram outras músicas onde apareçam palavras estrangeiras?Quais?
Ø  Além das músicas, onde podemos observar a recorrência de palavras estrangeiras?
Ø  Sentem dificuldades para entender textos em que elas aparecem?Como fazem para traduzi-las?
Ø  Conhecem algumas palavras que sejam parecidas com a nossa?Quais?
Ø  Vocês acham importante conhecer o significado dessas palavras? Por quê?
3º momento – Distribuição da música para ser lida. Em seguida sublinhar as palavras que serão traduzidas com auxílio de dicionário, listando-as no caderno e identificar as que são de uso freqüente.
4º momento – Identificação das palavras que já caíram no uso comum da língua materna (verbos, substantivos, adjetivos...) que surgiram de palavras estrangeiras.
5º momento – Em grupo - Confecção de um cartaz com palavras cognatas
6º momento – Em grupo – Escolha de uma música para tradução simultânea simulando programa de rádio.

Avaliação
Será processual atentando para a participação individual e coletiva e mudanças de atitudes.



Desafios nas redes sociais

A aprendizagem em espaços virtuais, como por exemplo, as redes sociais constitui um enorme desafio para a sociedade digital, na medida em q...