domingo, fevereiro 14, 2010

Princípios para nortear a Prática Pedagógica

1. Torne os alunos conscientes de suas forças e habilidades. Utilize as inteligências múltiplas para apóia-los e não para classifica-los. Eles devem conhecer as diferentes inteligências, identificando-as em suas preferências e habilidades, nas formas como resolvem problemas. Se tiverem essa consciência, também poderão apoiar os professores na escolha das estratégias que melhor atendam ao grupo e sejam geradoras de aprendizagem. Isso implica uma nova relação de poder na sala de aula: o professor assume o papel de guia e orientador, mantendo uma interlocução permanente com os alunos.


2. Estimule a cooperação e autonomia dos alunos. É necessário que se construa um ambiente cooperativo, o qual estimule o desenvolvimento da autonomia. Mais uma vez, retoma-se a idéia de protagonismo: o professor apóia o aluno, criando condições para que este tenha ferramentas que lhe permitam alcançar determinadas metas de aprendizagem, que se sinta comprometido com seu próprio processo, além de compreender que pode aprender com a diferença, muitas vezes personificada em seus colegas, que têm formas de aprender diferentes das suas.


3. Compartilhe as metas de aprendizagem. Umas das tarefas importantes do professor é selecionar o que é central na abordagem de um conteúdo e direcionar o ensino para esses aspectos. Na sociedade contemporânea, o essencial não é a quantidade de informações, mas sim saber encontrá-las e utilizá-las, o que significa perguntar, duvidar, analisar, experimentar, errar, imaginar; em resumo, aprender e aprender. Traçar metas orienta o caminho, tanto no que se refere ao alcance quanto à profundidade e direção da investigação. Além disso, compartilhar essas metas com os alunos ajuda-os a se comprometer com seu próprio processo de aprendizagem, além de tornar possível sua auto-regulação.


4. Elabore atividades ( desempenhos ) que vão além da informação, sejam diversificadas e apresentem níveis progressivos de profundidade. Colocar o conhecimento em prática, em diferentes situações e de maneiras diversas, constitui o pilar da aprendizagem para a compreensão. A prática pedagógica deve privilegiar tarefas intelectualmente estimulantes, envolvendo os alunos para que possam expandir, reconfigurar e aplicar seus conhecimentos, tal como explicar, demonstrar, dar exemplos, fazer analogias, estabelecer relações. Devem fazê-lo de maneira reflexiva, recebendo retroalimentação que lhes permita progredir. Esta pode ser oferecida pelo professor, pelos colegas, por materiais ou fichas de auto-avaliação. As atividades devem variar desde aquelas que colocam em jogo as concepções iniciais dos alunos até aquelas que exigem sínteses e elaborações mais profundas.

5. Utilize diferentes estratégias e recursos de ensino. Realizar uma prática que envolva múltiplas estratégias de ensino conduz a melhores resultados na aprendizagem. A complexidade do ato de aprender exige tempo, múltiplas experiências e apoio constante. Além disso, considerando que compreender é usar o conhecimento flexivelmente, a variedade de situações permite que se estabeleçam diferentes conexões. Trazendo novamente a visão expandida da inteligência, podemos inferir que a possibilidade de compreender bem algo está intimamente relacionada aos recursos disponíveis.


6. Utilize diferentes “ pontos de entrada” para a aprendizagem. Um dos grandes desafios do professor, segundo Meirieu ( 1998 ), é gerar no aluno a necessidade de aprender, fazer com que nasça o desejo de aprender. Uma maneira de conquistar isso é elaborar diferentes formas de ensino para um mesmo conceito. Decidir qual é a melhor forma de apresentar um conteúdo é muito importante.
Um professor competente, além de dominar o conteúdo, conhece os melhores meios de alcança-lo. Por isso, estar sempre atento para buscar recursos que ajudem os alunos a acessar os conteúdos de múltiplas maneiras. Se eles vêem em tópicos através de uma única perspectiva, é praticamente certo que esse conceito terá uma dimensão rígida e o seu uso será limitado.
Gardner ( 2000) identificou pelo menos seis “ pontos de entrada” ao conhecimento, que ajudam os alunos na aprendizagem de determinados conteúdos.

• Narrativo: o conteúdo é acessado pelos elementos narrativos do tema ( vídeos, filmes, histórias, entrevistas, etc.);
• Lógico-quantittivo: enfoca-se o conceito recorrendo a considerações de ordem numérica ou de processos dedutivos;
• Experiencial: envolve habilidades ou experiências físicas, como usar o corpo, manusear os materiais que incorporam ou transmitem o conceito;
• Estético: a ênfase recai nas características sensoriais ( cores, formas, expressão e composição );
• Fundacional ou existencial: aborda a face filosófica dos conceitos
• Social cooperativo ou interpessoal: privilegia as experiências sociais ( debater, argumentar, apresentar alternativas distintas, desempenhar diversos papéis )


7. Comprometa-se com uma avaliação diversificada. Qualquer prática comprometida com os processos de aprendizagem deve centrar-se na busca de evidências de que os alunos estão aprendendo. A avaliação é um componente do processo de aprendizagem, sua função é oferecer subsídios para que os alunos monitorem e aprofundem sua compreensão. Para isso, é necessário que ela seja contínua, que ofereça momentos de retroalimentação, que esteja estreitamente articulada com as metas de aprendizagem, que tenha critérios claros e compartilhados e que seja composta de instrumentos diversificados, com ênfase nas forças dos alunos, e não em suas fraquezas. A padronização dos instrumentos é incoerente com a concepção das inteligências múltiplas.

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