O capítulo 4 aponta várias
facetas de leitor que devemos sempre ter em mente ao compor nosso trabalho,
deixa claro que o autor não pode se esquecer de que ele é também um de seus
leitores e se assim fizermos podemos rever, retomar, e mais: aprender com
nossas próprias palavras porque a escrita surpreende. Porém nem sempre é fácil
usufruirmos dessa possibilidade, pois não raras vezes nos transformamos em um
leitor extremamente rígido, num verdadeiro
tirano a exigir perfeição acima de tudo, sempre pronto a nos acusar de
pouco aprofundamento, de incapacidade de ir além. O autor acaba se afastando do
próprio texto, ou então evita relê-lo, perdendo a chance de torná-lo mais bem
acabado. Percebe-se que há também autores que releem o texto, porém o fazem de
tal maneira que não enxergam as falhas, simplesmente não conseguem entrar em
contato com as palavras materializadas diante de si e seguem acreditando ter
dito algo que na realidade, ainda não disseram. Sabemos que há um risco na
releitura que vários autores relataram que é o de decorar o texto, que se torna
um problema, pois dificulta a localização de problemas, as reformulações, os
acréscimos necessários, já que, assim que começa a reler, o autor-leitor
excessivamente apegado às próprias palavras já adivinha a sequência do fluxo
verbal para isso uma estratégia possível é oferecer a cria a outro leitor de
confiança que possa dar outra visão do texto. O autor é seu próprio leitor e
para isso é preciso observar nas releituras tanto os aspectos positivos quanto
os negativos, ou seja, tanto os trechos que ainda precisam ser trabalhados,
pois ainda não correspondem ao que você pretende dizer, como aqueles que já
estão finalizados, ou seja, mais próximos do seu pensar, e se não conseguimos
mais avaliar o texto, é preciso distanciar-se dele por algum tempo e entregá-lo
a um leitor de nossa confiança. Toda
pessoa que tem dedicação e amor ao seu texto, descobre nele inúmeras
possibilidades de escrevê-lo e assim torna-se
apaixonado durante todo o decorrer de seu trabalho, porque o que faz com
que o trabalhe ganhe em acabamento é a disposição do autor em dele se aproximar
amorosamente, buscando suas qualidades, permitindo-se comemorá-las, bem como
identificando suas falhas, permitindo-se, passando o sentimento de desânimo, ou
a procura indignada por culpados, superá-las. È preciso tomar cuidado com o
resumo, experimentar o poder de síntese. Não se alongar, mas também não se
esquecer de seduzir o leitor contando da abrangência e pertinência de seu
trabalho. Ao fazermos a segunda releitura é preciso estar atentos se não há
repetições de estruturas gramaticais, evitar excessos porque torna o texto
lento e processual em momentos nos quais você pode e deve ser mais dinâmico, e
o excesso de erros de um gênero pode
menosprezar a riqueza de seu trabalho
prejudicando o entendimento do conteúdo de suas idéias. Poucos erros de
português não dificultam o entendimento do texto desde que ele esteja bem
articulado, se isso ocorrer elabore erratas, porque é uma maneira de antecipar
possíveis criticas. È preciso estar atento de que não existe necessariamente
correspondências entre pausas da oralidade e sinais gráficos e que há mitos do
bem escrever que acabam comprometendo o que se quer dizer. Diante de uma
terceira releitura é preciso estar atento ao padrão de citações, pois estamos
na esfera de construção de conhecimentos, portanto o, leitor precisa ter livre
acesso a informações precisas do caminho percorrido na revisão de literatura,
sendo fundamental oferecer ao leitor informações históricas, ainda é necessário
estar atenta se não há mudanças desnecessárias de pessoa no decorrer do texto,
a repetições de idéias, frase ou citações e as convenções acertadas com o
orientador. È imprescindível a leitura
do texto por outras pessoas que não conhecem nada de sua área de atuação
porque são elas que lembram você de colocar as notas de rodapé para completar
informações, ou parênteses com o nome completo das siglas, que porventura, você
fez referencia. Todo bom leitor ativo
procura em suas leituras cotidianas não só se
ater aos conteúdos dos textos, mas também à maneira como são
apresentados, e identificar os autores de sua preferência recursos que utilizam
intencionalmente para compartilhar ideias. Ao elaborar um texto passa-se por
muita dificuldade, muita angústia e principalmente pelos conflitos próprios do
escrever. É um texto extremamente necessário para todo acadêmico cheio de
dúvidas que está no impasse com a escrita de seu texto, é de fácil compreensão,
aborda uma linguagem característica de que gosta de escrever, além de sugeri
livros para evitar erros primários, no entanto, nos desmotiva quando nos pede
para abandonar o texto quando achamos que ele já não pode ser mais avaliado por
nós mesmos, acredito ser difícil abandonar mesmo que por pouco tempo aquilo que
aprendemos a amar, no caso, o texto produzido, o interessante seria sempre as
releituras, cada vez que uma nova leitura é feita, mais detalhes descobrimos
sobre o que escrevemos.
PERROTTA, Cláudia. Um texto para chamar de seu: preliminares sobre a produção do texto acadêmico. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
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