RESUMO DESCRITIVO
REFERÊNCIA: SACRISTAN, J.
Gimeno. As funções sociais da escola: da reprodução à reconstrução crítica do
conhecimento e da experiência in SACRISTIAN, J. Gimeno e GOMEZ, A./ Perez.
Compreender e transformar o ensino; trad Ernani F. da Fonseca Rosa; 4ª edição –
Artmed, 1998
A
educação cumpre uma evidente função de
socialização, desde que a configuração social da espécie se transforma em um
fator decisivo da humanização do homem
porque a espécie humana elabora instrumentos, artefatos, costumes, normas,
códigos de comunicação e convivência como mecanismos imprescindíveis para a sobrevivência.
Esse meio de aquisição por parte das novas gerações das conquistas sociais
costuma denominar-se genericamente como processo de educação. A preparação das
novas gerações para sua participação no mundo do trabalho e na vida pública
requer a intervenção de instâncias específicas como a escola cuja função é
atender e canalizar o processo de socialização, que por seus sistemas de
organização, introduz nos alunos em etapas, mas progressivamente, as idéias, os
conhecimentos, as concepções, as disposições e os modos de conduta que a
sociedade adulta requer. Desde o surgimento das sociedades industriais, a
sociedade delega e encarrega à escola a função da incorporação futura ao mundo do trabalho,
porém não é fácil definir o que significa, em termos de conhecimentos,
disposições, habilidades e atitudes, preparar os alunos para sua incorporação
não conflitante no mundo do trabalho, especialmente em sociedades
pós-industriais, nas quais emergem diferentes postos de trabalho autônomos ou
assalariados e nas quais o desenvolvimento econômico requer mudanças aceleradas
nas características do mercado de trabalho até porque a escola ainda possui
outra função que é a formação do cidadão para sua intervenção na vida pública,
e assume no sentido de socialização a idéia de que é igual para todos e de que,
portanto, cada um chega onde suas capacidades e seu trabalho pessoal lhes
permitem. Ela também cumpre a função de impor a ideologia dominante na
comunidade social mediante um processo mais ou menos aberto e explícito de
transmissão de idéias e comunicação de mensagens, seleção e organização de
conteúdos de aprendizagem. Sendo assim, para compreender a extensão, a
complexidade e a especificidade dos mecanismos de socialização na escola se
requer uma análise exaustiva das fontes e fatores explícitos ou latentes,
acadêmicos ou sociais, que exercem influência relevante na configuração do
pensamento e ação dos alunos. É preciso aceitar que a contradição entre
aparências formais e realidades factuais faz parte do próprio processo de
socialização na vida escolar, na qual, sob a ideologia da igualdade de
oportunidades numa escola comum para todos, se desenvolve lenta, mas
decisivamente o processo de classificação, de exclusão das minorias e do
posicionamento diferenciado para o mundo do trabalho e da participação social.
È fato que o conhecimento nos diferentes âmbitos do saber é uma poderosa
ferramenta para analisar e compreender as características, os determinantes e
as conseqüências do complexo processo de socialização reprodutora. Com este
objetivo, deve-se substituir a lógica da homogeneidade, imperante na escola,
com diferentes matizes, desde sua configuração, pela lógica da diversidade
porque igualdade de oportunidade não é um objetivo ao alcance da escola. Assim,
o desafio educativo da escola contemporânea é atenuar, em parte, os efeitos da
desigualdade e preparar cada individuo para lutar e se defender, nas melhores
condições possíveis, no cenário social.
Palavras
chaves: educação, sociedade, escola, transformação
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