sexta-feira, agosto 16, 2013

Por dentro da Conta de energia elétrica : uma análise linguística e textual

JUSTIFICATIVA

Este projeto visa o cumprimento da carga horária exigida pelo Curso de Letras do Programa de formação de professores PARFOR e oportunizar a associação da teoria à prática. O gênero textual conta de energia elétrica será aplicado no Centro Educacional Senador Jutahy Borges Magalhães, no município de Boa Vista do Tupim, com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II, oriundos em sua maioria da sede do município.
A escolha deste gênero textual foi feita a partir de uma discussão em sala de aula com o professor-pesquisador responsável pela orientação das oficinas, quando o grupo concluiu que é de grande importância o trabalho com este gênero, uma vez que, este faz parte do cotidiano dos alunos, mas não é de praxe a escola trabalhá-lo.
Levamos em consideração também que este gênero é próprio da leitura e pode oferecer aos educandos subsídios para uma excelente produção de texto oral, além de incentivar prática de redução do consumo e do valor da conta de energia elétrica, e a reflexão para a importância de auto-sustentabilidade do planeta.
A conta de luz reflete o modo como a energia elétrica é utilizada e sua análise por um período de tempo adequado, permite estabelecer relações importantes entre hábitos e consumo.
Além de revelar relações entre hábitos e consumo de energia elétrica, úteis ao se estabelecer rotinas de combate ao desperdício, a análise da conta de luz é a base para a avaliação econômica dos projetos de eficiência eletro-energética.
É importante que haja uma  compreensão da forma como é cobrada a energia elétrica e como são calculados os valores apresentados nas contas de luz porque é fundamental para a tomada de decisão em relação a projetos de eficiência energética.
Embora uma análise completa exija certa experiência e conhecimento técnico, com um exemplo servindo de guia e algum treino, qualquer pessoa pode identificar as oportunidades de redução de despesas com a energia elétrica.
Por ser um gênero em que muitas pessoas não estão atentos e passa despercebido, é importante ter um conhecimento mais amplo, através dele podemos exigir e reivindicar nossos direitos enquanto cidadãos e consumidores, a exemplo disso temos o órgão responsável ANEEL, que através de artigos nos informa todos os direitos e deveres que temos. Por exemplo, o artigo 83 nos informa  o que obrigatoriamente a fatura de energia elétrica deve conter: a) nome do consumidor;  b)  número de inscrição no CNPJ ou CPF quando houver; c) código de identificação; d) classificação da unidade consumidora;  e) endereço da unidade consumidora; f) número dos medidores de energia elétrica ativa e reativa e respectiva constante de multiplicação da medição; g) data das leituras anterior e atual dos medidores, bem como da próxima leitura prevista; h) data de apresentação e de vencimento; i) componentes relativas aos produtos e serviços prestados, discriminando as tarifas aplicadas; j) parcela referente a impostos incidentes sobre o faturamento realizado; k) valor total a pagar; l) aviso de que informações sobre as condições gerais de fornecimento, tarifas, produtos, serviços prestados e impostos se encontram à disposição dos consumidores, para consulta, nas agências da concessionária; m) indicadores referentes à qualidades do fornecimento, de acordo com a norma específica; n) número de telefone da Central de Teleatendimento e/ou outros meios de acesso à concessionária para solicitações e/ou reclamações; o) número de telefone da Central de Teleatendimento da Agência Reguladora Estadual conveniada com a  ANEEL, quando houver; e p) número 080061 2010 da Central de Teleatendimento da ANEEL. E  quando  pertencente: a) multa por atraso de pagamento e outros acréscimos moratórios individualmente discriminados; b) parcela referente ao pagamento (créditos) de juros do empréstimo compulsório/ ELETROBRÁS; c) Indicação do respectivo desconto sobre o valor da tarifa, em moeda corrente; d) Indicação de fatura vencida, apontando no mínimo o mês/referência e valor em reais; e) Indicação de faturamento realizado com base na média aritmética nos termos dos Arts. 57, 70 e 71 e o motivo da não realização da leitura; f) Percentual do reajuste tarifário, o número da Resolução que o autorizou e a data de início de sua vigência nas faturas em que o reajuste incidir.
A condução de um aprendizado com pretensões formativas, mais do que do conhecimento científico e pedagógico acumulado nas didáticas específicas de cada disciplina da área, depende do conjunto de práticas bem como de novas diretrizes estabelecidas no âmbito escolar, ou seja, de uma compreensão amplamente partilhada do sentido do processo educativo
Um dos pontos de partida para esse processo é tratar, como conteúdo do aprendizado elementos do domínio vivencial dos educandos, da escola e de sua comunidade imediata. Isso não deve delimitar o alcance do conhecimento tratado, mas sim dar significado ao aprendizado, desde seu início, garantindo um diálogo efetivo. A partir disso, é necessário e possível transcender a prática imediata e desenvolver conhecimentos de alcance mais universal. Muitas vezes, a vivência, tomada como ponto de partida, já se abre para questões gerais, por exemplo, quando através dos meios de comunicação os alunos são sensibilizados para problemáticas ambientais globais ou questões econômicas continentais. Nesse caso, o que se denomina vivencial tem mais a ver com a familiaridade dos alunos com os fatos do que com esses fatos serem parte de sua vizinhança física e social.
Portanto, sabemos que a  sobrevivência do ser humano, individual e grupal, nos dias de hoje, cada vez mais solicita os conhecimentos que permitam a utilização competente e responsável de determinados materiais  reconhecendo as implicações sociopolíticas, econômicas e ambientais do seu uso.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ao entendermos que a escola deve atuar na formação de alunos capazes de exercer a cidadania, compreendendo criticamente as realidades sociais, é fundamental que os educadores de todas as áreas do conhecimento trabalhem a especificidade das práticas sociais e o reconhecimento do gênero textual a ser utilizado em determinada situação sociocomunicativa, ou seja, os gêneros e os textos devem constituir ponto basilar das atividades propostas pelos professores.
Ao insistirmos no trabalho com o gênero acreditamos propiciar aos educadores  de matemática, química, geografia etc.  outras perspectivas em relação aos gêneros e textos que fazem e farão parte do seu dia-a-dia, quanto à leitura, discussão, reflexão, criação, análise e inter-relação com outros gêneros e textos. Morin (1998, p.30) afirma que “hoje, há que se insistir fortemente na utilidade de um conhecimento que possa servir à reflexão, meditação, discussão por todos, cada um no seu saber, na sua experiência, na sua vida”.
Promover uma aula baseada no conceito de gênero textual permite o desenvolvimento da identidade cidadã de nossos alunos, mas exige alguns importantes deslocamentos na tradição curricular: a língua portuguesa deixa de ser limitada por uma visão gramatical teórica e passa a ser considerada uma atividade humana, um meio, por excelência, de existir no mundo. Isso nos desafia a levar essa língua para a sala de aula o mais próximo possível de como ela é surpreendida em seu uso cotidiano.
Todas as atividades humanas estão relacionadas com a utilização de linguagens e estas não são apenas feitas de palavras, mas de cores, formas, gestos etc. Para se tornarem “linguagem”, tais elementos precisam obedecer a certas regras que lhes permitam entrar no jogo da comunicação. Uma delas é que toda manifestação da linguagem se dá por meio de textos, os quais surgem de acordo com as diferentes atividades humanas e podem ser agrupados em gêneros textuais.
Imagine a confusão se uma simples conta de luz viesse, a cada mês, escrita de modo diferente, sem seguir um padrão. Quando recebemos uma conta de luz, reconhecemos o modelo, sabemos para que serve, localizamos as informações mais importantes, deixamos de lado o que não nos interessa, ou seja, organizamos a nossa vida. Isso porque conta de luz é um gênero textual. Conta de luz, telenovela, fofoca,             são alguns exemplos de gêneros que, pelo seu constante uso social, não oferecem muitas dificuldades de compreensão. Assim, é importante pensar em para quem se escreve, por que se faz, qual a real necessidade de fazê-lo, o que o leitor efetivamente conhece sobre o tema, o que pensa dele, como fazer-se compreender, como usar a língua na produção desse texto, como o texto solicita uma ou outra estratégia de leitura. Tais questões, na escola, tornam necessário construir um currículo que valorize tanto a função social do texto como a sua forma. Na prática, isso significa considerar a cultura na qual o gênero se constitui como ação social. Em outras palavras, devemos considerar até que ponto a comunidade que faz uso desse gênero efetivamente se apropriou dele e como o fez.
Os gêneros são produtos da cultura de determinada sociedade. Constituídos por certos conteúdos, além de estilo e forma próprios, apresentam funções sociais específicas. Tornam-se, desse modo, modelos comunicativos que permitem a interação social. O trabalho com gêneros textuais na escola pressupõe um modo próprio de se relacionar com a linguagem e com o currículo da língua portuguesa. Significa cultivar uma atitude educacional alicerçada por sólido conhecimento da linguagem, vista como prática cotidiana.
Segundo Soares, se as normas e regras que compõem o caráter escolar dificultam o ensino da leitura e da escrita enquanto práticas sociais, e se este não for o único meio de difundir essas práticas, mas, se é o mais aceitável, devemos então, nos preocupar com a qualidade com que se ensina a leitura e a escrita dentro da escola. Sobre essa importância da construção do currículo associado à função social da leitura dos gêneros textuais Soares (2003) diz:
Práticas de letramento a se ensinar são aquelas que, entre as numerosas que ocorrem nos eventos sociais de letramento, a escola seleciona para torná-los objetos de ensino, incorporada aos currículos, aos programas, aos projetos pedagógicos, concretizadas em manuais didáticos, práticas de letramento ensinadas são aquelas que ocorrem na instância real da sala de aula, pela tradução dos dispositivos curriculares e programáticos e das propostas dos manuais didáticos em ações docentes, desenvolvidas em eventos de letramento que, por mais que tentem reproduzir os eventos sociais reais, são sempre artificiais e didaticamente padronizados, práticas de letramento adquiridas são aquelas, de que, entre as ensinadas, os alunos efetivamente se apropriam e levam consigo para a vida fora da escola. (ibid.p.108).

Ao entendermos que a escola deve atuar na formação de alunos capazes de exercer a cidadania, compreendendo criticamente as realidades sociais, é fundamental que os educadores trabalhem a especificidade das práticas sociais e o reconhecimento do gênero textual a ser utilizado em determinada situação sociocomunicativa, ou seja, os gêneros e os textos devem constituir ponto basilar das atividades propostas pelos professores.


Objetivos

Geral 
Ø     Apropriar-se de informações relevantes para a leitura e compreensão do gênero textual conta de energia elétrica, bem como sua função social.

Específicos
  • Mostrar como funciona a leitura do consumo na conta de energia elétrica;
  • Identificar a conta de energia elétrica enquanto gênero textual de leitura;
  • Observar na conta de energia elétrica o consumo mensal de energia, através do gráfico;
  • Retirar as informações pertinentes do vídeo;
  • Atentar para as informações que ajudam a diminuir o gasto de energia elétrica; 
  • Relacionar a leitura do gênero com a necessidade de economia para o incentivo à sustentabilidade;
  • Entender o impacto das tecnologias associadas às Ciências Naturais, na sua vida pessoal, nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social.
  • Listar atitudes simples em relação ao uso de energia que podem resultar, em uma redução drástica do valor da conta de luz;
  • Conhecer as fontes de energias, suas vantagens  e desvantagens;
  • Resolver situações-problemas a partir de um contexto;
  • Identificar elementos presentes em uma conta de luz;
  • Analisar gráficos para interpretá-los posteriormente;
  • Conhecer o órgão responsável pela regulamentação da energia elétrica – ANEEL  através de leituras.

CONTEÚDOS

  • Leituras  em conta de luz;
  • Resolução de situação-problema;
  • Análise de gráficos e tabela;
  • Interpretação de textos;
  • Meio ambiente
  • Fontes de energia

METODOLOGIA

1º MOMENTO
Apresentação em data show de uma conta de luz para fazer a identificação do gênero e o conhecimento prévio dos alunos fazendo alguns questionamentos:
·        O que a imagem sugere?
·        Podemos considerar a conta de luz um gênero textual? Por quê?
·        O que vocês sabem sobre este gênero?
·         Qual a função social desse gênero?
·        Onde é veiculado este gênero?

2º MOMENTO
a.   Mostra de vídeo "De onde vem a energia elétrica?";
b.   Apreciação de artefatos utilizados como geradores de energia;
c.    Reflexão sobre o vídeo e os artefatos.
·          Vocês conheciam o processo da energia elétrica até chegar a nossa casa?
·          Vocês conheciam estes artefatos?
·          Informar aos alunos que a  geração, a transmissão e a distribuição de energia é um processo de fundamental importância para a sociedade e desenvolvimento econômico. Que se faz necessária em nossas casas, ruas, meios de transporte, atividade econômica, etc. No entanto, as fontes energéticas mais utilizadas são as não renováveis e suas reservas estão se esgotando. 
·          Distribuir um boletim informático com  os principais tipo de energia renováveis e não renováveis,  qual a sua vantagem e desvantagem e como se obtém.

3º MOMENTO
a.   Leitura em pequenos grupos de diversas contas de energia elétrica;
b.   Apreciação dos elementos estruturadores (cores, formas, formato gráficos, colunas) e linguísticos (expressão com termos específicos, etç.)
·      Vocês costumavam ler e observar estes elementos na conta de energia elétrica?
·      É importante fazer a leitura de todos esses elementos contidos na conta de energia elétrica?
·      Por que será que foi reduzido o tamanho da fatura?
·      Qual a finalidade da utilização de cores diversificadas na fatura? E o que você acha disso?
·    Além do valor, que outra informação você considera importante na fatura?

·  Quem consumiu mais e menos energia elétrica?

·   Que mês o consumo foi maior e menor?

·  O que a conta de luz que você recebe em sua casa tem a ver com o meio ambiente?

4º MOMENTO
·        Em um cartaz mostrar uma tabela para os alunos, alguns eletrodomésticos e a potência respectiva de cada um deles;
·         Questionar qual dos eletrodomésticos indicados, gera maior gasto durante um mês em Kw/h;
·         Simular uma situação problema com um eletrodoméstico tendo por base um valor de custo de R$ 0,30 centavos por hora para saber quanto ele gastaria em um mês usando a seguinte fórmula : P. D. H = P potência, D números de dias de uso e H = horas
Eletrodoméstico

  Potência
TV 29”
110 W
Radio pequeno
10 W
Geladeira
90 W
Ferro
1000 W
Chuveiro
3800 W
Lâmpada
100 W 
Ar-condicionado 7.500 BTUS
1.000W
Computador / impressora
180 W
Geladeira 02 portas
 120 W
Lâmpada incandescente
 60 W
Lâmpada fluorescente compacta
15 W
TV 14 e 20 polegadas
60 W
Ventilador
65 W





5º MOMENTO
Para a produção textual os alunos deverão utilizar uma programação de rádio, teatro ou outra modalidade para a divulgação de informações relevantes da conta de energia elétrica.

6º MOMENTO
Apresentação na área externa, para a comunidade escolar, dos textos orais produzidos pelas equipes.

RECURSOS

  • Vídeo;
  • Objetos alternativos geradores de energia (velas, candeeiros, lamparinas, lanternas, aladim)
  • Data show
  • Cartazes
  • Recibo da conta de energia elétrica
  • Pilotos,
  • Papel metro,
  • Cola,
  • Tesoura,
  •  Lápis,
  • Cartolina

Avaliação

A avaliação desta aula será feita considerando a participação e o envolvimento dos grupos de alunos/as nas atividades.




REFERÊNCIAS

AOSANI, M., BOELTER, A. E., SCARTON, C. R. Modelagem Matemática em Energia Elétrica. Disponível em http://www.projetos.unijui.edu.br/matematica/modelagem/modelagem_energia/index.html, acesso em 26 mai. 2010

BRASIL. Ministério da Educação.  Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa, 1998.

LANDEIRA, José Luís. Na Ponta do Lápis. Ano V, nº 11, agosto, 2009.  Ed. AGWM. São Paulo.

MORIN, E. Ciência com Consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.


PROCEL- PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELETRICA.  Manual de tarifação da energia elétrica. 1ª ed. Maio, 2001










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