domingo, abril 24, 2011

TRABALHANDO O VIDEO EM SALA DE AULA

Sabemos que o vídeo ou a televisão, por si só, não garantem uma aprendizagem significativa. A presença do(a) professor(a) é indispensável. É ele/ela, com sua criatividade, bom senso, habilidade, experiência docente, que deve ser capaz de perceber ocasiões adequadas ao uso do vídeo. No entanto, criatividade, bom senso, experiência, não surgem do nada.

A sociedade contemporânea é caracterizada pela multiplicidade de linguagens e por uma forte influência dos meios de comunicação. É preciso que o professor entenda as linguagens do cinema, da TV e do vídeo e que possa identificar suas potencialidades e peculiaridades. O professor precisa estar preparado para utilizar a linguagem audiovisual com sensibilidade e senso crítico de forma a desenvolver, com seus alunos, uma alfabetização audiovisual.

O vídeo só deve ser utilizado como estratégia quando for adequado, quando puder contribuir significativamente para o desenvolvimento do trabalho. Nem todos os temas e conteúdos escolares podem e devem ser explorados a partir da linguagem audiovisual. A cada conteúdo corresponde um meio de expressão mais adequado. "Cada canal de comunicação codifica a realidade de maneira diferente e influi de forma surpreendente no conteúdo da mensagem comunicada. Um meio não é somente um envelope que contém uma carta : é, em si mesmo, uma importantíssima parte da mensagem."

Ao analisarmos um vídeo é preciso verificar todas as suas potencialidades para o processo de ensino e aprendizagem. A partir desta análise é que se torna possível a construção dos planos de aula. Destacamos a seguir alguns pontos a serem considerados no planejamento de uma aula com vídeo:

Ao explorar um vídeo, deve-se fazer analogias com outras concepções, métodos, técnicas e resultados que já foram ou podem ser explorados em sala de aula;
O vídeo pode ter a função de apresentar conceitos novos ou já estudados no sentido de motivar o aluno, despertar a curiosidade e interesse, além de transmitir as idéias básicas relacionadas com o conteúdo da aula; tem a capacidade de aproximar o conhecimento científico do cotidiano, fazendo com que algumas concepções do senso comum passem a se fundamentar nas ciências; pode ser usado como instrumento de leitura crítica do mundo, do conhecimento popular, do conhecimento científico e da própria mídia.

A dinâmica e o tempo de aula devem ser bem planejados, pois o uso do vídeo pressupõe sempre a atuação do professor;

O vídeo deve ser complementado pela apresentação dos conceitos/conteúdos na forma textual. O texto pode ser mais linear, detalhado e acrescido de exercícios de fixação e aplicação. Vídeos e textos devem se complementar mutuamente;


MENSAGEM A SER ABORDADA:
O tema é apropriado à linguagem audiovisual? O que a possibilidade de visualização acrescenta? O tema pode ser desenvolvido de forma mais eficaz por intermédio de outras linguagens? Que outros tratamentos e enfoques podem ou devem ser acrescentados?
Que CONTEÚDOS curriculares das diferentes disciplinas escolares são abordados? Os conteúdos são adequados ao currículo oficial? E ao currículo da escola? Os conteúdos são adequados ao nível de compreensão dos alunos? A metodologia utilizada para apresentação dos conteúdos está em consonância com um enfoque escolar? Os conteúdos correspondem a uma unidade completa, a alguns tópicos, ou a um conjunto de unidades temáticas? A abordagem do tema é atual ou já existem novos enfoques ou tendências? O tratamento dado aos conteúdos está atualizado? O programa possibilita o trabalho interdisciplinar? Com quais disciplinas?
O tema e os conteúdos são adequados ao tratamento de temas transversais como sexualidade, ética, meio ambiente, etc? A forma de tratar os conteúdos é adequada ao processo de ensino e aprendizagem da escola? Todos os aspectos relacionados com o tema e/ou conteúdos foram abordados? Com qual profundidade? Com qual abrangência? A quantidade de informação é: insuficiente / superficial; suficiente / adequada; demasiada / complexa? Que complementos e aprofundamentos são necessários?

LINGUAGEM:
Qual o tipo de linguagem empregada? Valoriza mais as imagens ou a linguagem verbal?
Valoriza a dimensão emotiva, a imaginação e a sensibilidade? Comunica idéias por meio das emoções? Quais? Como? A obra utiliza adequadamente os recursos da linguagem audiovisual ou é apenas um discurso verbal ilustrado por imagens e acrescido de uma música de fundo?
Utiliza efeitos sonoros para valorizar a mensagem? Utiliza efeitos visuais (gráficos, animações, legendas, etc.) para reforçar a mensagem? Os elementos da linguagem audiovisual (imagem, efeitos visuais, música, efeitos sonoros e a palavra falada) são dosados e se complementam de forma eficaz evitando a monotonia e o cansaço?
A estética das imagens atrai e é compreendida com facilidade, ou há subjetividades de difícil interpretação? A linguagem verbal é coloquial, regional, formal ou científica?
CONCEPÇÕES E AMBIENTAÇÃO:
Quais preocupações e práticas sociais podem ser identificadas no vídeo? Há relação com o cotidiano?
As práticas sociais apresentadas são do conhecimento dos alunos ou devem ser exploradas? De que forma?
As práticas sociais são enfocadas de forma preconceituosa? Como? Há personagens?
Se houver, que relações interpessoais são apresentadas? (relações de parentesco, relações profissionais, relações de amizade, relações de amor e afeto, etc.) De que forma estas relações são tratadas? Há preconceito? De que tipo?
O programa explora apenas imagens de estúdio ou de animação ou apresenta imagens externas?
Se há externas, em que lugares se passam as cenas? Como este ambiente é apresentado?
Os ambientes e lugares apresentados são do conhecimento dos alunos ou devem ser explorados? De que forma? Como são tratadas as questões acerca das atitudes e dos valores sociais ?

REFERÊNCIAS:

FREIRE, P. & GUIMARÃES, S. Sobre educação : diálogos. Rio de janeiro : Paz e Terra, 1984

GADOTTI, M. A escola e a pluralidade dos meios. Revista Escola & Comunicação, Rio de Janeiro, FRM, n.6, 1994.

MORAN, J.M. O vídeo na Sala de Aula. Revista Comunicação e Educação, n.2, Editora Moderna, 1994.

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